Semeadura e colheita de Eduardo Campos


Quem é da roça sabe, é preciso plantar para colher na hora certa. Será que Campos, que fez a sua semeadura de forma tão competente, estaria fazendo a sua colheita em hora oportuna?

Lula Miranda, Brasil 247

O governador de Pernambuco fez uma "semeadura" muito cuidadosa e bem feita na sua gestão em Pernambuco. "Semeadura" do tipo "plantation": ambiciosa, em larga escala, visando resultados para muito além da agricultura familiar ou de sobrevivência [no caso, claro, sobrevivência do seu grupo político].

Implementou métodos e sistemas rigorosos, "científicos", por assim dizer, de boa governança e não descuidou da publicidade: montou uma estrutura competente/profissional de marketing e selou "cúmplice" relacionamento com a mídia local. Obteve fartos recursos e incentivos dos aliados Lula e Dilma. Pernambuco cresceu e se destacou no cenário nordestino e nacional.

Porém, quem é da roça sabe, é preciso plantar para colher na hora certa. Será que Campos, que fez a sua semeadura de forma tão competente, estaria fazendo a sua colheita em hora oportuna? Suspeito que não. Vamos então analisar possíveis resultados da "colheita" do novo "galeguinho dos zóio azul" do Nordeste brasileiro.

A "safra", segundo a avaliação de alguns experientes "agricultores", pode ainda não estar "no ponto" da colheita, os frutos ainda podem estar demasiado verdes – o "mercado" ainda não estaria bom. Nesse cenário, o agricultor Campos pode estar comprometendo toda a sua colheita – a de hoje e a de amanhã.

Se Eduardo sair candidato em 2014, ele, obviamente, já não poderá contar com o auxílio providencial de Lula e Dilma, pois, claro, estarão em campos opostos da disputa. Ao político pernambucano só restará então buscar a essencial e providencial "cumplicidade" com a mídia do eixo Rio-SP e se coligar ao "restolho", ao que há de pior na política brasileira. Mas assim se aproximará perigosamente da direita, se associará ao conservadorismo, comprometendo-se irremediavelmente, e perderá sua suposta coerência ideológica, renegando a herança de seu avô.

Dificilmente obterá êxito nessa empreitada. Portanto, a sua colheita será, a que tudo indica, fracassada. Diante desse malogro, o futuro político do atual governador de Pernambuco poderá estar irremediavelmente arruinado.

Destruídas todas as pontes com seus antigos aliados nas esquerdas e na base aliada do governo Dilma, tudo passará a ser muito difícil para Campos. Sem mandato, sem a sua própria máquina de governo nas mãos [pois ainda corre o risco de não fazer seu sucessor em PE], sem prestígio e sem financiamento político a sua "lavoura" tenderá a um progressivo processo de desertificação, seus aliados de ocasião e "meeiros" o abandonarão à própria sorte. Digo, ao próprio azar.

Não esqueçamos, ainda, como fazem momentânea e estrategicamente todos, que o governador literalmente abandonou o governo do seu estado já faz pelo menos seis meses para prospectar sua campanha à Presidência da República. Se fosse num país sério já alguém teria entrado com pedido de impeachment, mas, sabemos, não há muita seriedade e Justiça por essas plagas. Porém, essa "fatura" certamente será cobrada futuramente ao governador, muito provavelmente pelos seus aliados e colunistas amigos de hoje na mídia grande. Quem viver verá.

Restaria a Campos a alternativa de postergar a data da sua colheita para alcançar o melhor mercado, quando então sua "mercadoria" encontraria melhores condições de preço e venda.

Restaria ao governador reconstruir as estratégicas pontes que estão sendo uma a uma dinamitadas. Poderia sair para uma eleição segura ao Senado agora em 2014 e, muito provavelmente, ser o candidato das esquerdas em 2018. Pois, cá entre nós, que os petistas não me leiam, tirando Dilma e, claro, Lula não há postulante no petismo que chegue aos pés de Eduardo Campos e que ameace a sua candidatura em 2018.

Mas o "galeguinho" parece "obcecado" e com os olhos azuis cegos pela ambição. E "quem dá luz a cego é bengala branca e Santa Luzia. Ai, ai, meu Deus".

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