Lula estaria com medo de concorrer em SP?


Por que o PT não lança mão de seu "craque", que está desperdiçando seu talento sentado no banco de reserva, prontinho para entrar em campo?

Lula Miranda, Brasil 247

Todos que acompanham mais de perto a cena política no Brasil sabem que podemos partir tranquilamente das seguintes premissas:

1º - O governo tucano em SP sofre imenso desgaste após quase 20 anos no poder;

2º - Governar SP é estratégico para o projeto político do PT – uma "questão de honra", dizem alguns petistas e aliados à esquerda;

3º - O PT não tem ainda um candidato forte o bastante para derrotar Alckmin e sua máquina – apesar de todo o desgaste desta.

Diante desse quadro, e de todas os movimentos consequentes que uma candidatura vitoriosa de Lula causaria no cenário político nacional, há que se perguntar: por que o PT não lança mão de seu "craque", que está desperdiçando seu talento sentado no banco de reserva, prontinho para entrar em campo? Por quê?

Estaria Lula com medo de perder a eleição em São Paulo? Estaria receoso em testar a sua popularidade e cabedal político nas urnas novamente? Estaria o PT querendo preservar intocado o "patrimônio mítico" do ex-presidente operário? Essas são perguntas que só o próprio Lula ou os intelectuais petistas poderiam nos responder.

Já disse aqui que discordo da existência do tal "lulismo", que, segundo alguns intelectuais, como André Singer, supostamente existiria como um fenômeno provado na política brasileira contemporânea, assim como o "getulismo" ou "varguismo" e o "brizolismo".

Entendo que Lula fez um governo que foi um verdadeiro divisor de águas na política nacional, de tão importante; foi o presidente que finalmente, depois de muitas tentativas infrutíferas e fracassadas de inúmeros presidentes, dos mais diversos partidos, conseguiu operar o milagre do tal "pacto social"; 
implantou medidas de cunho social importantíssimas e colocou o país numa posição de protagonismo no plano internacional nunca dantes alcançado. Mas isso "apenas" o credencia como um dos melhores presidentes que o Brasil já teve. Porém não é bastante/suficiente para que se fale em "lulismo". Essa formulação é a meu ver prematura, precipitada, laudatória.

Para se falar em "lulismo", o ex-presidente ainda teria que "comer muito feijão com farinha" – como se diz na minha querida Bahia. Teria que ainda mostrar muito serviço.

Teria que, por exemplo, mostrar, em caráter definitivo e inquestionável, o seu carisma e poderio eleitoral concorrendo e ganhando a eleição para governador de São Paulo. Reelegendo Dilma Rousseff e, na onda vermelha, "enquadrando" Eduardo campos, (re)elegendo vários governadores do PT e de partidos da base aliada.

Se isso ocorrer, tiro o chapéu, estaria comprovado que o "lulismo" de fato existe, não se trata de uma mistificação.

Por que Lula não lança logo a sua candidatura em São Paulo? Teme o parcialismo despudorado da mídia paulistana? Teme o império capcioso do Judiciário? Estaria com medo de Alckmin, de Serra, de FHC? Ou espera o momento preciso para o drible magistral, desconcertante, para finalizar com um gol de placa?

Lula tem medo dos tucanos paulistas?”

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