Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
“Em setembro do ano passado, durante o
processo eleitoral de escolha de prefeitos e quando o julgamento do mensalão
dava seus primeiros passos, a revista Veja publicou matéria de capa em que
reportou denúncia daquele que é considerado o “operador do mensalão”, o
empresário Marcos Valério de Souza, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
A partir daquele momento, um previsível
script foi sendo encenado. A Procuradoria Geral da República, cuja atuação
política no âmbito do inquérito do mensalão vem sendo apontada por muitos,
enviou as denúncias de Valério contra Lula para investigação em primeira
instância do MPF, o que acabou gerando abertura de inquérito na Polícia
Federal.
Na semana passada, o advogado do “delator
do mensalão”, Roberto Jefferson, ao propor embargo declaratório ao STF em
benefício de seu cliente, pediu que Lula seja arrolado em um inquérito
específico sobre sua participação no esquema de “compra de votos” que a maioria
dos ministros daquela Corte diz ter ocorrido no início do primeiro governo do
PT.
Há cerca de oito meses, portanto, que o
ex-presidente Lula vem sendo associado, na mídia, ao escândalo do mensalão. Não
passa uma semana sem que jornais, revistas, portais de internet, telejornais e
programas de rádio citem o suposto envolvimento do ex-presidente com o esquema.
Apesar de nem a Procuradoria Geral da
República, nem o STF terem visto razões para indiciar Lula na Ação Penal 470,
que terminou com a condenação de nomes importantes do PT, amplos setores do
partido vêm denunciando recente processo que busca envolver o ex-presidente
naquele escândalo como estratégia de seus adversários para diminuir sua força
eleitoral no ano que vem.
Em todos esses meses de bombardeio sobre
Lula, porém, até hoje não surgiu uma só pesquisa de opinião que aponte o
sucesso do que seria uma estratégia para desmoralizá-lo.
A última pesquisa sobre a popularidade do
ex-presidente de que se tem notícia foi feita pelo Datafolha em dezembro do ano
passado e apontou que se houvesse eleição naquele momento ele seria eleito com
56% dos votos e Dilma se reelegeria com 57%. Ou seja: não havia, naquele
momento, qualquer perda de popularidade de Lula.
De lá para cá, intensificou-se sobremaneira
o noticiário sobre investigações envolvendo-o. Quase toda semana o Jornal
Nacional dá alguma notícia sobre as investigações, mesmo quando não é notícia,
como na oitiva do ex-assessor de Lula Freud Godoy pela PF na última
quarta-feira (8).
Os mais atentos por certo devem ter
percebido que, se nesses cinco meses de 2013 tivesse ocorrido alguma alteração
para baixo na popularidade de Lula, o noticiário formatado para difamá-lo por
certo teria feito alarde sobre o fato. Todavia, desde o ano passado não se tem
mais informações sobre a popularidade dele.
Ontem, porém, este blog recebeu mensagem de
um leitor que diz ser professor de escola estadual de São Paulo e que afirma
que na semana passada foi entrevistado pelo instituto Datafolha. A pesquisa,
segundo relatou, versava sobre a imagem do ex-presidente.
Segundo essa pessoa, o questionário do
Datafolha perguntou se o entrevistado está a par das investigações sobre Lula,
se acredita que possa haver algum envolvimento dele no mensalão, se um eventual
indiciamento do ex-presidente irá interferir na opinião do entrevistado e, por
fim, faz uma simulação de intenção de voto em que Lula aparece
disputando a Presidência com Aécio Neves, Marina Silva, Joaquim Barbosa e
Eduardo Campos.
Pedi ao leitor que se identificasse e desse
uma entrevista, mas ele não quer. Disse que nunca comentou no blog porque seu
nome, devido à sua atividade profissional, não pode aparecer em questões
políticas.
Seja como for, a lógica nos obriga a ver
verossimilhança no relato em
questão. Afinal, alguém acredita que paralelamente a essa
intensa campanha de desmoralização da mídia contra Lula ela não estaria
mensurando os efeitos do que está fazendo e que se ele tivesse sofrido alguma
queda de popularidade isso não estaria sendo alardeado incessantemente?”
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