Fonte:
Hardy Waldschmidt
TRE/MS
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Mauricio Dias, CartaCapital
“A oposição fará um novo esforço,
agora no Senado, para derrubar o projeto aprovado na Câmara dos Deputados pela
base governista, na terça-feira 23. Ele impede que os partidos criados a partir
de agora se beneficiem do tempo de rádio e televisão, além dos recursos do
Fundo Partidário, por meio dos parlamentares agregados à nova sigla após se
desligarem de outra já existente.
O tempo no rádio e na tevê tem sido um
fator de estratégia eleitoral para uns e de sobrevivência para outros. É
negociação política entre os grandes e os pequenos. Nesse último caso, aqueles
que dispõem de um tempo abaixo de 1 minuto no horário da propaganda eleitoral
gratuita. São quase 20 (tabela), considerando a representação eleita em 2010.
O novo Movimento Democrático, MD, fusão do
PPS com o PMN não escapou dessa situação. A soma do tempo das duas agremiações
alcança somente 78 segundos e 78 décimos. O crescimento mais visível é na
bancada da Câmara dos Deputados, do número de vereadores e prefeitos.
Problema existente. A legislação permite a
cessão do tempo, mas proíbe a transação em dinheiro. A proibição
é atropelada. Os candidatos e os próprios programas eleitorais dos “nanicos”
são financiados pelos partidos maiores: PT, PSDB, PMDB e DEM, entre alguns outros,
e já agora o pudico PSB. Os socialistas andam à caça de aliados em busca de
apoio para a eventual candidatura do governador pernambucano, Eduardo Campos.
É dessa transação por baixo do pano que
nasceu o escândalo inadequadamente chamado de “mensalão”. O PT, conforme
afirmou Roberto Jefferson, acertou ceder recursos para a campanha eleitoral do
PTB, em 2004. Jefferson admitiu ter recebido 4 milhões de reais dos 20 milhões
acertados.
No entendimento do STF, o mandato pertence
ao partido. Do ventre dessa decisão nasceu um monstrengo chamado
“portabilidade”. Ou seja, fica com o deputado a possibilidade de transferir o
tempo e o porcentual do Fundo Partidário para a agremiação que migrou. Curiosa
contradição: o mandato é do partido e o tempo é do candidato.
A nova situação criada pelo projeto atinge
e talvez inviabilize esforços como os da ex-ministra Marina Silva e do
sindicalista Paulinho, que trabalham na formação de novos partidos. A oposição
montou na oportunidade para atacar o governo em geral e a presidenta Dilma em
particular.
Desarmar a criação de novos partidos pode
ser um golpe no processo de “mutirão” sonhado pela oposição. Mais candidatos na
disputa de 2014 (Marina, principalmente) pode ser a oportunidade, senão a única,
de provocar um segundo turno na eleição presidencial.
A dúvida da oposição é legítima. O governo
nega esse objetivo. O choro é livre.”
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