José Maria Marin é
recebido pelo líder do PSDB, senador Álvaro Dias (Foto: José Cruz)
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“Deputado estadual afirma que as duas
gravações divulgadas podem ser “ponta do iceberg” para elucidar fatos ocorridos
no período da ditadura militar
Igor Carvalho, Revista Fórum
O conteúdo mostra Marin atacando o jornalismo da TV Cultura em 1975, comandado à época pelo jornalista Vladimir Herzog. Na segunda gravação, de 1976, o presidente da CBF homenageia o delegado do DOPS Sérgio Fleury, a quem chama “motivo de orgulho para a população paulistana.” No intervalo entre um discurso e outro, Herzog foi torturado até a morte no prédio do DOI-Codi em São Paulo.
Confira a entrevista exclusiva com o deputado Adriano Diogo, falando sobre o caso:
Fórum - O senhor faz uma associação entre os áudios e a morte do jornalista Vladimir Herzog?
Adriano Diogo - Depois de exatamente um ano desse primeiro pronunciamento, o José Maria Marin faz uma homenagem ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, na tribuna da Assembleia Legislativa. Aquilo [o áudio] é um elemento básico para o começo da perseguição ao Herzog, isso é claro.
Fórum - Muito tem se questionado sobre a presença do José Maria Marin na presidência da CBF. O senhor acredita que a divulgação desse áudio pode contribuir para o afastamento dele?
Adriano Diogo - Não podemos pegar os fatos da ditadura e fazer uma leitura atual, o meu papel como deputado é trazer isso ao grande público e mostrar que ainda estamos impregnados dessa gente.
Fórum - O senhor acha que pode…
Adriano Diogo - Temos que esclarecer a morte do Herzog, isso é importante, saber quem estava por trás, quem mandou, e esse áudio pode ajudar no processo de investigação, mas isso cabe a família decidir.
Fórum - Onde esses áudios foram encontrados pelo senhor?
Adriano Diogo - Eles pertencem ao arquivo histórico da Assembleia Legislativa.
Fórum - O senhor acredita que outros áudios possam ser encontrados e novos fatos sobre esse período da história brasileira possam ser revelados?
Adriano Diogo - Sem dúvida nenhuma. Isso é só a ponta do iceberg, vai aparecer muita coisa e muita gente, vocês vão ver. A história do Brasil não foi contada. Os fatos aconteceram há 40 anos e ninguém sabe, o povo brasileiro ainda desconhece aquela história. Meu papel, como deputado, é investigar e trazer isso a público. Agora, os desdobramentos não podem partir de mim. Esperamos que fatos como esse estimulem os governos a abrirem todos os arquivos ocultos da história de nosso país.”
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