“Roberto Francisco Daniel, o padre Beto,
realizou suas últimas missas no último domingo em duas igrejas lotadas; ele
decidiu se afastar após receber prazo para se retratar e "confessar o
erro" cometido ao afirmar que existe a possibilidade de amor entre pessoas
do mesmo sexo; "Não consigo ser padre numa instituição que no momento não
respeita a liberdade de expressão e reflexão", declarou
A Igreja Católica decidiu excomungar o
padre de Bauru (a 329 km
de São Paulo) que havia se afastado de suas atividades religiosas neste final
de semana após declarações de apoio aos homossexuais.
A decisão da excomunhão foi divulgada pela
Diocese de Bauru num comunicado publicado em seu site. O texto é assinado pelo
Conselho Presbiteral Diocesano, formado por dez sacerdotes da cúpula do órgão.
Conhecido por contestar os princípios
morais conservadores da Igreja Católica, Roberto Francisco Daniel, 48, o padre
Beto, realizou suas últimas missas neste domingo (28), em duas igrejas que
ficaram lotadas de fiéis em clima de comoção.
Ele havia recebido prazo do bispo de Bauru,
Caetano Ferrari, 70, para se retratar e 'confessar o erro' cometido em
declarações divulgadas na internet nas quais afirma que existe a possibilidade
de amor entre pessoas do mesmo sexo, inclusive por parte de bissexuais que
mantêm casamentos heterossexuais.
Beto também questiona dogmas católicos e
chama a atenção pelo estilo. Fora da igreja, usa piercing, anéis, camisetas com
estampas 'roqueiras' ou com a imagem do guerrilheiro comunista Che Guevara e
frequenta choperias.
Após o ultimato, o religioso anunciou que
iria se afastar de suas funções religiosas, mas disse que considerava a
hipótese de voltar um dia.
"Se refletir é um pecado, sempre fui e
sempre serei um pecador", afirmou. "Quem disse que um dogma não pode
ser discutido? Não consigo ser padre numa instituição que no momento não
respeita a liberdade de expressão e reflexão".
Nesta segunda-feira (29), ele tentou
entregar o pedido de afastamento, mas foi informado sobre a excomunhão.
No comunicado, a diocese afirma que 'uma das obrigações do bispo diocesano é defender a fé, a doutrina e a disciplina da igreja' e que, por isso, o padre 'não pode mais celebrar nenhum ato de culto divino (sacramentos e sacramentais, nem mais receber a santíssima eucaristia), pois está excomungado'.
No comunicado, a diocese afirma que 'uma das obrigações do bispo diocesano é defender a fé, a doutrina e a disciplina da igreja' e que, por isso, o padre 'não pode mais celebrar nenhum ato de culto divino (sacramentos e sacramentais, nem mais receber a santíssima eucaristia), pois está excomungado'.
O bispo convocou um padre canonista perito em Direito Penal Canônico
e o nomeou como juiz instrutor para tratar a questão e aplicar a 'Lei da
Igreja'. A partir da decisão da excomunhão, o juiz instrutor iniciará os
procedimentos para a 'demissão do estado clerical'.
Ainda segundo o comunicado, o bispo tenta
há muito tempo o diálogo para 'superar e resolver de modo fraterno e cristão
esta situação'. Segundo a diocese, todas as iniciativas foram esgotadas.
O juiz instrutor teria tentando mais uma
vez o diálogo com o padre, mas Beto reagiu agressivamente e recusou a conversa,
afirma a diocese.
Ainda segundo o comunicado, o padre 'feriu
a Igreja' ao fazer as declarações e ao negar 'obediência ao seu pastor', o que
resulta 'no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena prescrita no cânone
1364, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico é a excomunhão anexa a
estes delitos'.
A assessoria de imprensa da diocese
informou que após a decisão nenhum pronunciamento será feito pelo bispo ou
padres da diocese. O silêncio é uma determinação do juiz instrutor do processo.
Ao lado de uma advogada, Padre Beto
procurou um cartório para registrar seu pedido de afastamento logo após ser
informado sobre a excomunhão.
"Ainda bem que não tem fogueira",
disse ao comentar de forma irônica a decisão do bispo. Padre Beto afirmou ainda
que a decisão não vai mudar nada em sua vida, pois já havia decidido pelo
afastamento da Igreja.”
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