Saul Leblon, Carta Maior / Blog das Frases
“Há três semanas, o conservadorismo comanda
as expectativas do país.
O carnaval do tomate e a furor rentista marcaram a segunda quinzena de abril.
Deu certo.
No dia 17, o BC elevou os juros.
Ato contínuo, vários indicadores desautorizaram as premissas da terapia ortodoxa.
Os preços dos alimentos – não o único, mas um fator sazonal importante na pressão inflacionária – perderam fôlego. O do tomate desabou.
Não apenas isso.
O cenário internacional desandou.
Recordes de desemprego na Europa vieram se somar à deflação das commodities, ademais da decepção com a velocidade da retomada nos EUA.
O carnaval do tomate e a furor rentista marcaram a segunda quinzena de abril.
Deu certo.
No dia 17, o BC elevou os juros.
Ato contínuo, vários indicadores desautorizaram as premissas da terapia ortodoxa.
Os preços dos alimentos – não o único, mas um fator sazonal importante na pressão inflacionária – perderam fôlego. O do tomate desabou.
Não apenas isso.
O cenário internacional desandou.
Recordes de desemprego na Europa vieram se somar à deflação das commodities, ademais da decepção com a velocidade da retomada nos EUA.
Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos especialistas em incursões aos abismos e às bancarrotas.
Há cinco anos eles advertem que a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado. (Leia também: ‘O Brasil é um crime contra o mercado’)
Nenhuma voz do governo ou do PT soube salgar o diagnóstico conservador com a salmoura pedagógica das evidências opostas.
Dilma poderia ter ido à TV. É sua responsabilidade esclarecer a opinião pública quando o futuro do país esta sendo ostensivamente jogado na sarjeta das manipulações.
Não significa mistificar os problemas de uma transição macroeconômica difícil rumo a um novo ciclo de investimento.
Mas, sim, separa-los de interesses que não são os da nação.
As ferramentas macroeconômicas não tem partido.
Mas a forma de combina-las, a dose e a direção, dependem de opções políticas mediadas pela correlação de forças.
Um pedaço da correlação de forças se define no diálogo com a sociedade.
Disputar as expectativas, em certos momentos, é tão decisivo quanto ajustar as linhas de passagem entre um ciclo e outro.
Um governo que toma decisões ancorado em diálogo direto com suas bases, e apoiado por elas, irradia uma capacidade de comando que desencoraja o assalto conservador.
Se Lula ficasse mudo em 2008, o jogral pró-cíclico faria do Brasil um imenso Portugal .
O quadro hoje é outro?
Sempre é outro.
É para isso que existe governo. Se a história fosse estável e previsível , bastariam burocracias administrativas.
Veio a terceira quinzena de abril.
Enquanto o PT se preocupa com Eduardo Campos, o verdadeiro partido oposicionista alimentava um clima de dissolução institucional.
É só aquecimento: o lacerdismo togado e seu diretório midiático podem muito mais.
A pauta da ‘caça ao Lula’ voltou às manchetes.
Grunhida pela boca do casal Roberto Gurgel e esposa, sub-procuradora Claudia Sampaio.
Estamos em linha com a nova tradição latino-americana.
A implosão institucional de governos progressistas tem no lacerdismo togado um laboratório de ponta no país.
São sucessivas as contribuições ao modelo.
Na desta semana, o STF desautorizou o Congresso a analisar a PEC sobre novos partidos, subtraindo espaço do Legislativo na divisão dos poderes.
A ideia de um Judiciário que diga ao Congresso o que ele pode e o que ele não pode discutir e votar é estranha à democracia.
Mas não ao método conservador, que pauta um Brasil cada vez mais explícito, à direita, em seus duetos e sintonias .
Respira-se a certeza da impunidade associada à supremacia asfixiante do poder de difusão conservador.
Avulta daí a progressiva desenvoltura de personagens que se dispensam do recato e da liturgia observada nos velhos conspiradores.
Joaquim Barbosa se manifesta como uma extensão de Merval Pereira.
E vice-versa.
Gurgel acossa Lula e agasalha o líder de Carlinhos Cachoeira no Congresso, Demóstenes Torres, com uma aposentadoria de R$ 22 mil.
E ninguém dá gargalhadas.
Como diz o senador Requião, falta humor à crítica política.
Falta também capacidade de se escandalizar.
Um delegado ex-integrante do aparato da ditadura diz que Otávio Frias e Sergio Fleury eram parceiros de teoria e prática.
Tomavam chá das cinco no DOPS.
Dá para acreditar?
Dá para ter certeza de que as veladas ligações entre o dispositivo midiático e a ditadura precisam ser investigadas. Por uma comissão de verdade.
Quem se dispõe?
Silêncio constrangedor.
O ministro Mercadante defende a Folha e o ‘seu’ Frias – como ele se refere ao falecido pai de Otavinho, em nota tocante. (Leia o artigo demolidor de Paulo Nogueira, do blog do Centro do Mundo; nesta pág.)
Toffoli, ministro do Supremo, dá ultimato à Câmara: os representantes do povo tem 72 horas para explicar o que estão pretendendo com a PEC-33 que determina que algumas decisões do STF sejam submetidas ao Congresso e eleva de seis para noves votos o quórum do Supremo ao invalidar emendas constitucionais do Legislativo.
Paulo Bernardo alia-se ao oligopólio da mídia .
A Secom sustenta a Globo.
E o sub do sub do Banco Central vai discursar no Banco Itaú, espécie de diretório informal do PSDB. Prega o choque de juros.
O piloto sumiu.
Esse filme não é novo.
E nunca acaba bem.”
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