“Depois de uma pesquisa Datafolha que
aponta a presidente Dilma Rousseff com 58% da preferência nacional e de um
Ibope que lhe dá um potencial de até 76% dos votos, a revista Veja roga ao
Vaticano; capa desta semana pede que o papa exerça influência política sobre a
América Latina e ajude a conter governos "populistas"; na imagem de
capa, Dilma e Cristina Kirchner aparecem à "sombra do papa"; será que
Francisco I disputará eleições?
O ambiente político para forças políticas
de direita ou mesmo centro-direita na América Latina, definitivamente, não é
dos mais alvissareiros. Nos últimos anos, governos de esquerda e
centro-esquerda chegaram ao poder em praticamente todos os países do continente
e se legitimaram junto ao povo graças a políticas sociais mais amplas, que
ajudaram a desconcentrar a riqueza numa das regiões mais desiguais do mundo. A
isso, alguns dão o nome de distribuição de renda. Outros, de
"populismo".
No Brasil, a revista Veja faz parte do
segundo grupo. E um dia depois de duas pesquisas que representam um balde de
água fria – o Datafolha que dá 58% da preferência eleitoral à presidente Dilma
Rousseff e um Ibope que revela um potencial de até 76% dos votos –, a publicação
da Editora Abril aposta suas últimas fichas no Vaticano. Veja pede que
Francisco I exerça influência política sobre a América Latina e ajude a conter
governos "populistas" – grupo em que a publicação de Roberto Civita,
internado na UTI do Sírio-Libanês, inclui o Brasil.
Na reportagem "O povo é do papa",
Veja ajoelha e reza. "Para nenhum governante da América Latina com
tentações populistas a existência de um papa genuinamente popular, avesso a
demagogias, e ainda por cima argentino, seria motivo para comemorações. O viés
paternalista dos governos da Argentina, do Equador, da Venezuela, da Bolívia e,
cada vez mais, do Brasil, sobrevive apenas se tiver exclusividade no papel de
representante do povo. Ter de dividir essa função com alguém que lidera a religião
de 483 milhões de latino-americanos (…) é um grande incômodo político".
Em sociedades que progridem, como ocorre na
América Latina, religião e política são temas cada vez mais distantes. O
próprio Francisco I já deixou claro que sua missão nada tem a ver com política.
A despeito disso, a imprensa conservadora, aristocrática e de direita, como é o
caso de Veja, deposita nele suas últimas esperanças. Segundo a revista,
Francisco I fará bem ao ambiente político da América Latina. Será que ele
também disputa eleições?”
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