Agência Lusa / Abr
“A Justiça argentina condenou hoje
(12) à prisão perpétua Reynaldo Bignone, o último presidente da ditadura
militar (1976-1983), por crimes contra a humanidade cometidos no centro
clandestino Campo de Mayo.
No processo, foram ainda condenados à
prisão perpétua os ex-militares Omar Riveros, Luis Sadi, Eduardo Oscar Corrado
e Carlos Tomás Macedra.
De acordo com fontes judiciais citadas pela
agência de notícias EFE, o tribunal pronunciou-se sobre as violações de
direitos humanos que ocorreram sob a jurisdição da guarnição militar de Campo
de Mayo, entre 1976 e 1983.
Em Campo de Mayo funcionou um dos maiores
centros clandestinos de detenção do regime e ainda uma maternidade ilegal por
onde passaram várias mulheres sequestradas, e atualmente desaparecidas.
O principal acusado deste processo foi o
general Bignone, que já tinha sido condenado em julgamentos anteriores,
por delitos de lesa-humanidade.
Neste caso, foram julgados crimes contra 23
vítimas, incluindo sete mulheres que tiveram os seus filhos quando estavam
detidas na guarnição militar ou desaparecidas.
Bignone, o último ditador argentino
(1982-1983), negociou a transição para a democracia após aprovar uma Lei de
Anistia, de imediato anulada, e ordenar a destruição de toda a documentação sobre
detenções, torturas e assassinatos de desaparecidos.
O ex-militar, com 84 anos, já tinha sido
condenado em 2010 e 2011 a
25 anos de prisão por delitos cometidos no Campo de Mayo.
Calcula-se que pelo menos 30.000 civis
foram mortos ou permanecem desaparecidos durante os sete anos em que vigorou a
ditadura militar, após o golpe de Estado liderado pelo general Jorge Videla. Em
julho de 2012, Bignone recebeu condenação de 15 anos de prisão pelo roubo
sistemático de bebês durante a ditadura, em um julgamento histórico
no qual Videla foi condenado a 50 anos de prisão.”
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