“Segundo o colunista Hélio Schwartsman, o
mundo produz um volume de informação diária que equivale a 450 bibliotecas do
Congresso americano; o problema, portanto, é mais o excesso do que a falta de
informação; ele afirma ainda que o poder dos meios tradicionais de mídia já é
declinante e diz que é pouco provável que governos possam promover uma
democratização mais efetiva do que a já imposta pela internet
Enquanto o PT defende uma Lei de Meios,
será que a democratização da mídia já não está acontecendo na internet, sem que
os governos precisem fazer nada? Quem defende essa tese é o jornalista Hélio
Schwartsman, colunista da Folha, que aponta também o poder declinante dos meios
de comunicação tradicionais. Leia abaixo:
SÃO
PAULO - Tornou-se regra entre os grupos de centro-esquerda no poder na América
Latina defender a democratização dos meios de comunicação. Os graus de empenho
variam. Nos lugares onde o populismo é mais explícito e a economia não vai bem,
a disputa entre o governo e a mídia tradicional pode assumir contornos
dramáticos, como é o caso da Argentina. Já no Brasil, a discussão surge em
espasmos e tende a ser empunhada por lideranças mais afastadas do centro do
poder.
Também
sou ferrenho defensor da democratização, definida como a ampliação das fontes
de informação a que os cidadãos podem recorrer. Receio, porém, que essa seja
uma bandeira do passado. Na verdade, é preciso ter perdido o trem da história
para não se dar conta de que estamos no meio de uma revolução tecnológica, cujo
efeito mais visível foi elevar exponencialmente a quantidade de informações à
disposição da sociedade e diversificar suas origens.
Com
efeito, a IBM estima que o mundo esteja produzindo, hoje, 2,5 quintilhões (2,5
x 10^18) de bytes de dados a cada dia, que é o equivalente a 450 bibliotecas do
Congresso dos EUA (a maior do mundo) a cada 24 horas.
Isso miniaturiza até a
revolução de Gutenberg, que levou 50 anos para aumentar o total de livros em
circulação na Europa de milhares para 20 milhões, e está na origem da Reforma e
da Revolução Industrial.
Esse é um processo sem volta e, atualmente,
especialistas estão mais preocupados com o excesso de informações do que com
sua carência.
Não estou dizendo que grandes conglomerados
de mídia tenham perdido a capacidade de influenciar populações, mas seu poder
tende a ser declinante e é pouco provável que governos possam promover uma
democratização mais efetiva do que a já imposta pela internet.
A estratégia dos dirigentes passa a fazer
mais sentido se interpretarmos "democratizar" como um eufemismo para
"controlar".
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