Luiz Dulci.
Aconselhamos uma conversa com o ministro Paulo Bernardo. Foto: Antônio Cruz/ABr
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Mino Carta, CartaCapital
“Leio o ensaio de Luiz Dulci, Um Salto
para o Futuro, recém-publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo.
Destina-se a demonstrar que o governo Lula, do qual o autor participou
ativamente, colocou o País no rumo do desenvolvimento. E demonstra. “Nem por
isso os conservadores ressentidos – escreve Dulci – deixam de negar o óbvio.
Democratizar a sociedade nunca será uma operação consensual. E já dizia
Tocqueville que preconceitos de classe são antolhos formidáveis (…) Não espanta
que se recusem a admitir o êxito deste plebeu impenitente.” E mais adiante:
“Com efeito, o governo Lula inovou – e inovou profundamente. No conteúdo e na
forma de governar. Implementou, na verdade, um novo modelo de desenvolvimento,
inteiramente distinto do neoliberal, ainda que não se tenha preocupado em
teorizá-lo, e outra modalidade de inserção no Brasil e no mundo”.
Observo que o governo de Dilma Rousseff seguiu pelo mesmo caminho, e de certos pontos de
vista avançou mais ao desafiar os interesses das oligarquias financeiras,
enquanto esboça, juntamente com os governos dos BRICS, a definição de uma área
econômica e comercial livre das influências do ex-Primeiro Mundo. As pesquisas
de opinião mais recentes provam com toda a nitidez que a presidenta iguala hoje
a popularidade de Lula nos seus tempos de governo.
Dilma não é uma plebeia impenitente. Mesmo
assim, as palavras de Luiz Dulci a respeito das reações dos “conservadores
ressentidos” a Lula valem também para a sucessora. O substantivo conservadores
me soa, contudo, muito condescendente, e até generoso. Há conservadores e
conservadores, e sempre houve, alguns notáveis. No Brasil trata-se é dos
senhores da casa-grande e dos aspirantes que vivem na mansarda. Qualquer
tentativa de demolir de vez a senzala eles a encaram como ataque frontal.
Aliás, segundo meus solertes botões, a demolição está apenas no começo.
Interessa-me sublinhar que o instrumento
empregado pela casa-grande para manifestar suas resistências e ojerizas
irreparáveis, quando não ódio no estado puro, é a mídia nativa, única no
mundo por sua capacidade de se unir de um lado só, qual fosse o Forte Apache, e
de mandar às favas a verdade dos fatos, como lamenta Luiz Dulci. Penalizado,
entretanto, sou forçado a experimentar amiúde a estranha sensação de que
autoridades situacionistas, inclusive parlamentares, gostam, com indisfarçável
sofreguidão, de aparecer no vídeo da Globo, nas páginas dos jornalões e nas
amarelas da Veja.
Situação contraditória. Ou não? A mídia
ataca noite e dia, se for o caso inventa, omite e mente, e nem por isso tem
êxito junto à maioria dos brasileiros. Haja vista os tais índices de
popularidade. Se eleições fossem convocadas hoje, Dilma levaria no primeiro
turno. É de estranhar, portanto, que o malogrado apar to comunicador fascine
graúdos alvejados e goze de mesuras, afagos e contribuições em matéria. Polpudas.
Aconselho aos interessados a leitura da reportagem de capa
desta edição, sem se esquecer de passar os olhos sobre os números da
publicidade governista garantida aos maiorais da mídia nativa. À Globo, uma
enxurrada de grana. Uma enchente.
CartaCapital, que não hesitou em criticar com a devida aspereza a presidência de Fernando
Henrique Cardoso, definiu seu apoio, a exemplo do que acontece em países
civilizados e democráticos, antes a Lula, depois a Dilma. Escolha sincera,
voltada em boa-fé aos interesses do País e dos leitores, normal por parte de
uma publicação que não vende a alma. Por causa disso, fomos apresentados à
plateia da casa-grande como “revista chapa-branca”. Talvez fosse conveniente
saber a opinião das damas e cavalheiros que se incumbem da distribuição das
benesses publicitárias governistas. Aposto em surpresas. A
categoria fecha com quem agride o governo, em nome de critérios “técnicos”
habilitados a transformar os agressores, estes sim em autênticos
chapas-brancas. Ao menos, desse específico ponto de vista, iluminado pelo
brilho do dinheiro.
Neste ínterim, deletam-se alegremente os
planos do ex-ministro Franklin Martins, democraticamente empenhado em limitar
os alcances dos oligopólios midiáticos. Não falta à mudança o pronto aval das
piscadelas do ministro Paulo Bernardo, personagem da capa.”
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