Dilma deve
enfrentar eleição mais
tranquila que em
2010.
Foto: Evaristo
Sá/AFP
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Marcos Coimbra, CartaCapital
“Nada dá certo para as oposições faz tempo.
Elas tentam, se esforçam, mobilizam seus vastos recursos e as coisas não
acontecem. Seu pior pesadelo parece prestes a se materializar.
A tomar pelo que dizem os eleitores, quando
perguntados sobre como pretendem votar na próxima eleição, Dilma Rousseff se
reelegerá sem grandes problemas. Prognosticar sua vitória não é difícil
para quem conhece um mínimo da sociedade brasileira.
Ela tem tudo para vencer:
a) A
“inércia reeleitoral”, que beneficia até governantes mal avaliados (quem não se
lembra dos muitos governadores e prefeitos que, apesar de enfrentarem sérias
dificuldades, terminaram vencendo?).
c) Tem uma imagem pessoal muito positiva, é querida pela ampla maioria dos eleitores, que gostam de seu jeito de ser e se portar como presidenta (algum de seus possíveis adversários chega sequer perto do que ela alcança no julgamento da atuação pessoal?).
d) É conhecida e aprovada pela quase totalidade do eleitorado, não precisa perder tempo para se apresentar ao País (qual de seus oponentes em potencial pode dizer o mesmo, uma vez que todos existem em nichos regionais ou ideológicos?).
Confirmado o favoritismo, Dilma será a quarta chefe de governo eleita pelo PT em sequência. Ao cabo de seu segundo mandato, chegaremos a 16 anos de hegemonia petista na política brasileira.
O que será da atual geração de lideranças oposicionistas em 2018? Quantas estarão ainda em condições de atrair a atenção dos eleitores? Quantos de seus jovens terão envelhecido? Quantos dos atuais “formadores de opinião”, na mídia conservadora, estarão ainda na ativa? (A maioria é tão velha que, entre aposentados e falecidos, é possível que restem poucos).
A gravidade do quadro que as oposições enfrentam voltou a ser confirmada na semana passada, quando uma nova pesquisa do Datafolha a respeito da sucessão presidencial foi divulgada. Ela não trouxe novidade em relação ao que se sabia desde o início de 2012. Exatamente por isso, foi uma ducha de água fria no ânimo dos partidos da oposição e nos segmentos “antilulopetistas” da opinião pública.
Apesar dos esforços diários e da militância radicalizada da mídia de direita, Dilma fica cada vez melhor na corrida eleitoral. Enquanto isso, seus adversários patinam ou retrocedem. Entre dezembro de 2012 e março deste ano, ela foi de 54% a 58%, na vizinhança dos 60%, patamar onde outras pesquisas já a haviam colocado. Marina Silva (sem partido) e Aécio Neves (PSDB-MG) perderam 2% cada um, ela de 18% para 16% e ele de 12% para 10%.
Mais frustrante para a mídia foi, no entanto, o modesto crescimento do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Depois de “bombado” incessantemente na mídia, foi de escassos 4% a escassos 6%.
Uma simples aritmética mostra que os três não mudaram seu tamanho total: somavam 34%, em dezembro, e foram a 32%, em março. No máximo, o que teria ocorrido seria uma pequena reacomodação no terço do eleitorado que não pretende votar na presidenta: Campos tirou uma lasquinha de Marina e de Aécio.
Em votos válidos (a conta relevante para
especular sobre vitórias em primeiro turno), Dilma teria, hoje, perto de 64%. Muito
próximo de alcançar, sozinha, o dobro da soma dos demais.
Significa que “já ganhou”, que vencerá no
primeiro turno? Claro que não, e seria um equívoco se sua assessoria
interpretasse assim a pesquisa. Mas que os resultados do Datafolha foram uma
decepção para as oposições, disso não há dúvida.
O que lhes resta fazer?
O circo armado em torno do julgamento do
“mensalão” foi inútil do ponto de vista eleitoral. O PT não perdeu espaço em
2012 e nada indica que será afetado em 2014.
A tese da incompetência gerencial da
presidenta, à qual se dedicaram assim que perceberam o insucesso anterior, não
tem adeptos na maioria da opinião pública. Ao contrário, os brasileiros se mostram
cada vez mais satisfeitos com o desempenho do governo.
A valorização dos possíveis adversários não
comove os eleitores de Dilma. Campos, seu mais dileto produto na atualidade, permanece
com números de nanico.
Quando pesquisas como essa são publicadas,
ficam tristes e devem pensar no “povinho” que Deus pôs no Brasil. O problema é
que não podem trocá-lo. Ou será que vão procurar prescindir dele na hora de
decidir quem vai mandar?”
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