O jogador grego
que se perfilou à nazista em frente a plateia, diz que não sabe o que o
gesto significa. Pouca gente acreditou
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Correio do Brasil / BBC Brasil
“Um jogador de futebol grego foi banido para sempre de jogar pela seleção do país depois de fazer uma saudação nazista, apesar de negar que soubesse o que o gesto significava. Giorgos Katidis, de 20 anos, que joga pelo AEK Atenas, fez a saudação para comemorar seu gol durante uma partida, no último sábado.
A Federação de Futebol grega qualificou o gesto como uma “provocação grave”, que insultou “todas as vítimas da bestialidade nazista”. Katidis negou que tenha feito uma saudação nazista e disse que estava simplesmente apontando para um companheiro de equipe nas arquibancadas.
” Eu não sou fascista e não teria feito (esse gesto) se soubesse o que ele significava”, disse o jogador, em sua conta no Twitter. O clube pediu para que o jogador se explique em uma reunião do conselho do AEK Atenas, na próxima semana.
O treinador da equipe, o alemão Ewald Lienen apoiou Katidis:
– Ele é um garoto, é jovem, que não tem ideias políticas. Provavelmente viu a saudação na internet ou em outro lugar e fez isso sem saber o que significava – disse ele, segundo a agência britânica de notícias Reuters.
Bestialidade em alta
O neonazismo na Grécia vem ganhando espaço desde as eleições do ano passado, quando, após conquistar 7% dos votos e ingressar no parlamento grego pela primeira vez em sua história, o partido neonazista Aurora Dourada deu início à propaganda de suas principais “propostas” para reverter a crise financeira que assola o país. E elas incluem minas terrestres e arame enfarpado.
Tentando fazer dos imigrantes o inimigo comum dos “verdadeiros” gregos, a nova bancada de 21 deputados, liderada por Nikos Mijaloliakos, defende um país cercado por explosivos para impedir a entrada ilegal de estrangeiros. O discurso xenofóbo é propagado pelos neonazistas como remédio para o colapso econômico que deixa quase 22% da população desempregada e torna incerto o futuro da Grécia dentro da zona do euro.
– Enquanto houver um grego desempregado, não teremos pena dos estrangeiros – alertou Mijaloliakos em sua primeira entrevista coletiva, pouco depois do anúncio dos resultados da eleição do Legislativo.
Ao lado de uma bandeira com uma suástica distorcida, o ícone do partido, ele fez questão de se explicar aos jornalistas:
– Não temos problemas com os legalizados, mas esses são uma porcentagem muito pequena. Agora, os que não tem documentação devem ser todos expulsos. Alguns bairros no centro de Atenas estão cheios de estrangeiros, e precisamos ajudar nossos compatriotas.
Questionado sobre suas evidentes inclinações ao nazismo, o novo parlamentar diz ainda que só não se considera um perfeito seguidor do partido porque não é alemão.
– Também só não somos fascistas porque não estamos na Itália – bradou Mijaloliakos ao lado de dois seguranças que parece querer intimidar a plateia.
Política do medo
Os votos do Aurora Dourada vem, principalmente, das classes mais pobres, com menor grau de escolaridade. A propaganda do partido ignora o fato de que os maiores fluxos de imigração para a Grécia já se encerraram há muito tempo, e não poderiam, portanto, ser a razão para essa gigantesca onda de desemprego.
Após a chegada de trabalhadores egípcios e
filipinos durante o Regime Militar grego, entre as décadas de 1960 e 1970, os
fluxos migratórios direcionados para o país nunca mais foram substantivos. Na
década de 1990, o país se tornou, na verdade, mera porta de entrada para
imigrantes ilegais da Ásia que buscavam refúgio nas grandes potências
européias, como França, Itália e Alemanha.”
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