Renato Rovai, Blog do Rovai
“O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu nesta
quarta-feira ,20, que o blog Falha S. Paulo deve continuar fora do ar. O blog,
criado pelos irmãos Mário e Lino Bocchini, era uma divertida paródia do jornal Folha de S.Paulo e brincava com os
recorrentes erros da publicação.
A decisão de manter a CENSURA ao Falha de S.Paulo
deixou de lado todo o debate sobre liberdade de expressão e se baseou apenas
nas leis de Mercado. O desembargador Edson Luiz de Queiróz manteve o blog fora
do ar com a justificativa da similaridade entre o nome Falha de S.Paulo e a
marca registrada pela Folha de S.Paulo.
Além de um caso óbvio de censura judicial, a
manutenção da CENSURA ao Falha de S.Paulo abre um precedente perigoso para a
liberdade de expressão, principalmente em relação a sátira e a ironia.
Por exemplo, que se cuide o programa Pânico da TV,
exibido pela TV Bandeirantes. Ao satirizar novelas da Globo, o humorístico
costuma utilizar-se do mesmo recurso utilizado pela Falha de S.Paulo. Um quadro
que faz uma paródia da novela Salve Jorge, da TV Globo, chama-se Salve George. Todo
cuidado é pouco de agora em
diante. A não ser que o que se fez com a Falha só seja
utilizado contra veículos de comunicação que não se alinham ao piguismo.
Este blogueiro faz coro as palavras do relator
especial da ONU para a liberdade de expressão, Frank La Rue, sobre o caso Falha x
Folha: “É interessante esse uso da ironia que vocês fizeram usando as
palavras Folha e Falha. Uma das formas de manifestação mais combatidas hoje em
dia, e que deve ser defendida, é o jornalismo irônico”, disse em visita ao
Brasil.
Este julgamento transformou uma questão de liberdade
de expressão em um debate comercial com um único objetivo: calar os críticos do
jornalão da família Frias. Ou alguém consegue ser ingênuo o suficiente
para acreditar que o que incomodou a Folha foi a questão comercial, a
similaridade do seu nome com o domínio de um blog sem nenhuma publicidade ou
outra modalidade de retorno financeiro?
A vitória da
Folha é a vitória da CENSURA. Mas para um veículo de comunicação que colocava seus
carros à disposição dos órgãos repressores e que hoje em dia ainda diz que
vivemos naqueles dias uma ditabranda, isso não deve representar muita coisa.”
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