Marcus Eduardo de Oliveira, Adital
“De acordo com o Índice de Bilionários da
Bloomberg, o mexicano Carlos Slim, dono de negócios no ramo de telecomunicações
em 18 países, com uma fortuna avaliada em US$ 78,4 bilhões, é o maior
bilionário do planeta. Depois dele, vem o cofundador da Microsoft, o
norte-americano Bill Gates, com fortuna de US$ 65,8 bilhões, seguido pelo
espanhol Amancio Ortega, fundador do grupo têxtil Inditex, dono da marca Zara,
com US$ 58,6 bilhões. A soma dessas três maiores fortunas atinge US$ 202,8
bilhões.
Pelo lado dos brasileiros, os quatro
maiores bilionários são: Jorge Paulo Lemann, investidor controlador da
Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, com fortuna avaliada em US$
19,6 bilhões. Em segundo lugar vem o banqueiro Joseph Safra, com patrimônio de
US$ 12 bilhões. O terceiro e quarto lugares, respectivamente, ficam com Dirce
Camargo, herdeira do grupo Camargo Correa, com fortuna estimada em US$ 14,1
bilhões e, com o empresário Eike Batista, com fortuna avaliada em US$ 11,4
bilhões. A soma das fortunas desses quatro maiores bilionários brasileiros
atinge a cifra de US$ 57,1 bilhões. Já a fortuna somada desses sete
"imperadores do dinheiro” chega a US$ 259,9 bilhões.
De um lado, rios de dinheiro; do outro, um
oceano de tristeza e miséria evidenciada pela fome e subnutrição que atinge,
segundo dados da FAO (Fundo para a Agricultura e Alimentação), 1 bilhão de
pessoas no mundo. Os que todos os dias tem estômagos vazios e bocas esfaimadas
são 14% da população mundial, um entre seis habitantes.
Com US$ 44 bilhões (17% da fortuna dos 7
bilionários citados) resolveria o problema desse 1 bilhão de famintos
espalhados pelo mundo. O drama da fome é tão intenso que dizima uma criança com
menos de cinco anos de idade a cada minuto. Isso mesmo: uma criança menor de 5
anos morre a cada 60 segundos vítima da falta de alimentos em seus estômagos. Isso
porque estamos num mundo em que a produção de grãos (arroz, feijão, soja, milho
e trigo) seria suficiente para alimentar mais de 10 bilhões de pessoas.
Somente o Brasil, terceiro maior produtor
de alimentos do mundo, atrás apenas dos EUA e da China, verá sua safra de grãos
aumentar em mais de 20% na próxima década. No entanto, essa ignomínia chamada
fome vai derrubando corpos inocentes ao chão também em nosso pedaço de terra. A
situação aqui não é muito diferente da mundial. Em meio às controvérsias em
torno do real número de famintos (50 milhões para a FGV, 34 milhões para o IBGE
e 14 milhões de pessoas para o governo federal) a fome oculta (caracterizada
pela falta de vitaminas e minerais que afeta o crescimento físico e cognitivo,
bem como todo o sistema imunológico) atinge 40% das crianças brasileiras. No
mapa mundial da subnutrição, estamos na 27ª posição, com 9% da população.
Em pleno século XXI, num mundo em que a
tecnologia desenvolve técnicas apuradíssimas para clonar tudo o que bem
entender, a fome mata atualmente mais pessoas do que a AIDS, a malária e a
tuberculose juntas. Numa época em que o dinheiro corre solto pelos cassinos e
praças financeiras em busca de lucro e especulação, a Syngenta, multinacional
suíça da área agrícola, investe todos os anos a importância de US$ 1 bilhão em
pesquisas agrícolas, mas fecha as mãos para a ajuda internacional aos famintos.
Nunca é demasiado lembrar que habitamos um
mundo em que o custo diário para alimentar uma criança com todas as vitaminas e
os nutrientes necessários custa apenas 25 centavos de dólar. Contudo, em
decorrência da desnutrição crônica, cerca de 500 milhões de crianças correm
risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15 anos. De acordo com
a ONG (Salvem as Crianças), a morte de 2 milhões de crianças por ano poderia
ser prevenida se a desnutrição fosse combatida.
Mas, poucas são as mãos levantadas em prol
dos famintos do mundo. A preocupação dos "Imperadores do Mundo” é outra.
Refresquemos a memória em relação a isso: em apenas uma semana os líderes das
maiores potências do planeta "fizeram” surgir 2,2 trilhões de dólares (US$
700 bilhões nos Estados Unidos e mais US$ 1,5 trilhão na Europa) para salvar
instituições bancárias no auge da crise econômica que se abateu (e ainda vem se
abatendo) sobre as mais importantes economias mundiais desde 2008.
Se a preocupação fosse salvar vidas de
desnutridos, incluindo a vida de 900 mil crianças no mundo (30% delas
residentes em Burundi, Congo, Eritréia, Comores, Suazilândia e Costa do
Marfim), esses mesmos "imperadores” tirariam dos bolsos a importância de
US$ 25 milhões por ano, que é o custo estimado para salvaguardar com nutrientes
esse contingente de crianças até 2015.”
Comentários
Acredito que para revertermos esse quadro devemos doar alimentos, não dinheiro.
Acredito também que devemos fazer as coisas numa escala Bairro>Município>Estado>Nação>Mundo.
O problema deve ser combatido na raiz e não maquiado.
Aberto a discussões =)