Na arte de Latuff, Jesus celebra queda do papa



 Segundo o chargista brasileiro, o cardeal alemão Joseph Ratzinger fazia mal à reputação do cristianismo; queda de Ratzinger foi comemorada por vítimas de abusos sexuais na Irlanda; em seu curto pontificado, ele perdeu várias batalhas e entrará para a história como um dos mais conservadores líderes religiosos de todos os tempos; charge de Latuff foi uma das mais compartilhadas nas redes sociais


Joseph Raztinger se afasta do trono da Igreja Católica e um Jesus no crucifixo solta o seguinte pensamento: "Ufa, finalmente! Esse cara só queimava meu filme". Essa charge, do brasileiro Carlos Latuff, foi uma das imagens mais compartilhadas nas redes sociais depois do anúncio da renúncia de Bento XVI.
De certa maneira, a arte de Latuff expressa uma visão geral sobre aquele que foi um dos mais conservadores líderes religiosos em todo os tempos. Antes de ser papa, o cardeal Ratzinger comandou, no Vaticano, um processo de inquisição que expulsou teólogos como Leonardo Boff. Como pontífice, se opôs frontalmente ao casamento gay, ao aborto e até mesmo ao uso de preservativos.

No seu curto pontificado, foi alvo de um escândalo conhecido como Vatileaks, sobre o vazamento de documentos internos do Vaticano pelo mordomo Paolo Gabriele – algo que, talvez, esteja por trás de sua queda. Além disso, adotou uma postura tímida diante dos escândalos de pedofilia na Igreja.
Na Irlanda, por exemplo, um grupo que representa vítimas de abusos sexuais comemorou a queda de Ratzinger.

Leia, abaixo, noticiário do Opera Mundi a respeito:

Um grupo que representa vítimas de abusos contra crianças cometidos em instituições dirigidas por católicos na Irlanda celebrou nesta segunda-feira (11/02) a renúncia do papa Bento XVI, por considerarem que ele "não fez nada" para punir os responsáveis por tais ações.

"Este Papa teve uma grande oportunidade de abordar décadas de abusos na Igreja, mas no final das contas não fez nada mais que prometer tudo e, definitivamente, não fazer nada", declarou à agênciaFrance Presse John Kelly, do grupo Survivors of Child Abuse (Sobreviventes de Abusos contra Crianças), que representa vítimas de abusos físicos, sexuais e emocionais.

A Irlanda, país tradicionalmente católico, foi sacudido nos últimos anos por uma série de relatórios que revelaram décadas de abusos contra crianças por parte do clero acobertados pela hierarquia da Igreja.

"Pedimos ao papa sanções contra as ordens religiosas que cometeram os abusos e os líderes religiosos da Irlanda que permitiram que isto acontecesse, mas para nossa consternação não aconteceu nada", completou Kelly.

A Survivors of Child Abuse e outros grupos que representam e defendem as vítimas têm pedido repetidamente ao Vaticano que permitam que o clero os suspeitos e acusados por estes abusos enfrentem a justiça.

"A Igreja deve reconhecer que tudo isto aconteceu. Deve reconhecer que deixou entrar o diabo e residir nela durante 50 anos antes de que as pessoas possam aceitar que mudou", acusou.

"A Igreja não pode avançar. A permanência no cargo deste papa foi contaminada pelos escândalos e isto continuará até que o papa aborde as raízes do problema", concluiu.”

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