Leila Cordeiro, Direto da Redação
“Praticamente
todos os dias a gente lê nas colunas especializadas que essa ou aquela emissora
de TV trocou programas de horário ou até acabou com eles repentinamente, depois
de prometer maravilhas antes da estréia, numa prova de que respeito ao público
é coisa que não existe, se é que o público há, porque são essas as que dão
traço, ou quase isso, de audiência.
Hoje mesmo, leio que o
programa “Se liga Brasil”, da Rede TV, que segundo análise da mídia, não
conseguiu decolar, terminou melancolicamente do mesmo jeito que começou. Ninguém
soube ninguém viu.
Para dirigir o programa,
contrataram Marcelo Bonfá, um jornalista competente com quase 20 anos, mas,
como diz o ditado, “uma andorinha só não faz verão” e o Brasil "não
ligou" com a atração matutina da Rede TV!.
Apesar de não ser novidade
esse jogo de empurra e puxa de programas e profissionais, essas
emissoras, vistas como “menores”, parece que perderam a vergonha. Usam seu
espaço como um laboratório de testes, e sem nenhum pudor colocam e tiram do ar
programas que mal chegaram a esquentar o lugar.
Um dia anunciam uma
genialidade, como se isso existisse em televisão, onde nada se cria e tudo se
copia, no outro dia, rua com a atração e com profissionais. E o público, oh!
Um samba do crioulo doido
que deixa todo mundo descrente com o futuro dessas emissoras, que ninguém sabe
como estão ainda vivas, pois só anunciante trouxa paga para anunciar em
empresas ditas de comunicação de massa que mal conseguem se comunicar. Enquanto
isso, seus donos estão por aí, andando de jatinhos privados, construindo
mansões e comprando imóveis em Miami ou Nova Iorque.
Isso é lamentável num país
que galgou uma posição de destaque no cenário mundial e é tido como a mais
sensual e simpática potência econômica em ascenção dos últimos tempos. O Brasil
está na moda no exterior, com as celebridades internacionais abrindo espaço em
suas agendas para se apresentarem nas grandes cidades brasileiras.
Mas em matéria de TV é um
fiasco, salva-se a Globo, infelizmente, porque é a única que guarda respeito ao
telespectador e aos seus profissionais, apesar do conteúdo duvidoso de seus
programas jornalísticos e de sua novelas.
Quando disse acima
“infelizmente” estava pensando em uma porção de gente que conheço que deixou de
ver televisão a partiu para outras mídias, porque, não gostando da Globo, ficou
sem opção na TV. Sem concorrência, a ditadura global segue em sua marcha
triunfal sem ser incomodada pelo resto. Resto mesmo, no sentido de lixo de
conteúdo. E os que ainda estão viciados na Globo partem do princípio
inconsciente de que “lixo por lixo, prefiro um lixo mais bem acabado”.
E o mercado publicitário,
como se situa nessa "zorra total"? Pergunto, se você fosse um
anunciante colocaria seu dinheirinho num programa de TV que você não sabe se vai
acabar em um mês? Claro que não, os anunciantes correm para a Globo por todas
as razões expostas até aqui.
Outra pergunta. E como as
chamadas emissoras de baixa audiência sobrevivem? É aí que entram os
telepastores. Eles têm tanto dinheiro que pagam o preço que for para ocupar o
horário nobre dessas TVs. Antigamente, todo mundo se lembra, religiosos
ocupavam os horários de menor audiência, geralmente nas madrugadas ou bem
cedinho.
Agora não, os pastores mais ricos do país,
uns cinco ou seis listados pela Forbes, chegam com a mala cheia e negociam o
horário nobre sem a menor cerimônia. Mas como TV ainda é um “grande negócio”,
apesar de tudo, quem está fora não entra e quem está dentro não sai. “Fatores
políticos” é que mandam na distribuição de canais. Mas essa é outra história.”
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