“O alvo da vez já foi Mantega, Palocci,
Dirceu, Genoíno, Mercadante e ... Lula - é claro. Basta ser quadro destacado e
promissor do PT, bala nele. Melhor dizendo, basta pertencer ao campo das
esquerdas
Lula Miranda, Brasil 247
Já há algum tempo as políticas públicas
cederam lugar à propaganda e ao marketing eleitoral. Tudo para ser planejado e
executado na ligeireza de um ou dois anos, para acarretar resultados eleitorais
imediatos, aferidos em pesquisas de opinião – e assim assegurar mais um
mandato. Não existem mais políticas de Estado, apenas políticas de governo. “O
poder pelo poder” – como já nos alertara, há muito, Weber. Passadas quase
duas décadas de governos tucanos em SP e MG, o tal “choque de gestão”, por
exemplo, provou ser tão somente mais uma peça de propaganda destituída de
qualquer sentido, eficácia ou mérito, causando “apenas” a ruína da máquina
pública.
A tese que aqui passo a defender é a de que
tal expressão – “choque de gestão” – é, em verdade, apenas grandiloquente e
vazia, como toda enganação do marketing político. Mas com um detalhe perverso e
sub-reptício: esse suposto modelo de “eficiência” esconde um modo de governar
que gera um estado de alienação e anomia semelhante ao definido por Robert
Merton, isto é, quando aos fins estabelecidos não se oferecem os meios
adequados para atingi-los.
Nas empresas, fundações, autarquias e
secretarias de Estado sob a gestão desse modo de (des)governar, a paisagem é de
terra devastada. Estruturas de cargo e salários anacrônicas e
“frankstenianas”; terceirização desmedida; instituição despudorada de
“pedágios” para arrecadação das ”caixinhas” para o partido; estímulo à
individualização, ao egoísmo e ao arrivismo dos servidores (como antidoto à
consciência de classe e à solidariedade), empreguismo, nepotismo, práticas
coronelistas etc.
É de estarrecer a quantidade de casos
de doenças ocupacionais que acometem os servidores: estresse, transtornos
mentais, outras mazelas emocionais e... câncer. É impressionante o número de
funcionários acometidos por essa grave doença nesses ambientes degradados. Mas
não se vê nenhuma crítica ou denúncia a esse estado de coisas na silente e
cúmplice grande imprensa. Nada.
Enquanto essa síntese perfeita das
patologias da modernidade e do capitalismo se alastra de modo sorrateiro pelo
organismo social, verdadeiro descalabro em forma de desgoverno que se espalha
tal qual um carcinoma em metástase, a grande imprensa nada noticia. Apenas se
dedica com esmero ao seu esporte predileto: a caça aos petistas.
O alvo da vez já foi Mantega, Palocci,
Dirceu, Genoíno, Mercadante e ... Lula - é claro. Basta ser quadro destacado e
promissor do PT, bala nele. Melhor dizendo, basta pertencer ao campo das
esquerdas. Eles até adulam, a princípio, depois tome cacete. Foi assim com Ciro
Gomes; com seu irmão Cid, muito recentemente. Assim se deu com Marina Silva.
Assim será com Eduardo Campos.
Enquanto isso, inocentes úteis continuam
lendo a Veja, os “jornalões” e assistindo aos telejornais da Rede Globo. E saem
por aí exibindo aquilo que chamo de “arrogância da ignorância”. Ou seja: leem
Merval Pereira e arrotam Dostoiévski.”
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