Altamiro Borges, Blog do Miro
“No último sábado, o deputado Anthony
Garotinho (PR-RJ) defendeu em seu blog o fim dos privilégios da mídia nativa. Indignado
com uma reportagem do Jornal Nacional sobre a crise na saúde no município de
Campos, administrado por sua esposa, ele partiu para o contra-ataque e propôs,
entre outras medidas, o fim da obrigatoriedade da publicação dos balanços das
empresas nos jornalões. Ele pretende apresentar um projeto de lei sobre o tema,
o que pode representar um duro golpe nos monopólios midiáticos.
No texto postado em seu
blog, Anthony Garotinho afirma que sofre perseguição da mídia. Sobre a matéria
exibida no Jornal Nacional, ele comentou: “Não sou burro. Para mostrar o
problema da saúde, a TV Globo não precisaria destacar um repórter especial e
enviar a Campos... Por que então ela mostrou aquela reportagem justamente ontem
em horário nobre? Foi um recado, não endereçado à prefeita, mas a mim”. Para
ele, trata-se uma represália às críticas que tem feito às mamatas da mídia. Vale
conferir alguns trechos:
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No último dia 20 eu subi à tribuna da
Câmara para denunciar a inclusão na Medida Provisória 582 de mais um privilégio
à imprensa. A emenda apresentada pelo senador Francisco Dornelles (PP - RJ) e
aprovada garantirá às empresas de comunicação o direito de pagar suas folhas de
pessoal em apenas 1% no lugar dos atuais 18% de contribuição trabalhista. Critiquei
também o fato das emissoras de rádio e televisão serem concessões públicas e
ainda assim terem como maiores clientes os governos estaduais, municipais e
federal.
Mostrei ainda que embora chamada de
propaganda partidária e eleitoral gratuita, o espaço é muito bem pago pelo
governo. No ano passado como forma de compensar o espaço cedido ao horário de
propaganda partidária as empresas deixaram de pagar em impostos ao governo
federal quase R$ 1 bilhão. Mostrei ainda uma dezena de outros privilégios das
empresas de comunicação, como a isenção fiscal de jornais e revistas para a
aquisição de papel, e é bom lembrar que elas também não pagam ICMS sobre a
venda dos seus jornais e revistas.
Mostrei que devido à grande fortuna de
publicidade injetada pelos governo federal e estaduais na Globo, a família
Marinho voltou a integrar o ranking dos mais ricos do Brasil. Por último
destaquei que é inadmissível, em plena era da internet, o lobby dos jornais e
revistas continuar impondo às grandes empresas a obrigação de publicarem em
jornal impresso os balanços anuais. Em todos os países civilizados do mundo as
grandes indústrias e empresas prestadoras de serviços já tiraram esse custo das
suas contas publicando seus balanços na internet.
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Neste ponto, o deputado foi mais
propositivo. “Já avisei que vou apresentar um projeto acabando com esse
privilégio”. Caso concretize sua promessa, a medida gerará uma guerra no
parlamento. O fim da obrigatoriedade da publicação dos balanços nos jornalões,
uma verdadeira aberração, agravaria ainda mais a já grave crise da mídia
impressa. A publicidade dos balanços é uma das principais fontes de receita do
jornalões. O sítio Brasil-247 fez um cálculo sobre o impacto na medida em um
jornal de circulação nacional:
“Uma página de anúncio no jornal Valor Econômico custa R$ 40 mil e um balanço com 20 páginas (a lei determina a publicação do documento completo, ainda que em letras miúdas) custa cerca de R$ 800 mil. Em geral, todo esse papelório é jogado no lixo pelos leitores, uma vez que o público que consome balanços, formado por investidores e analistas de mercado, recebe esses documentos em formatos eletrônicos”.
Ainda segundo o sítio, apesar das
divergências entre Anthony Garotinho e o PT, os petistas tendem a apoiar a
proposta. A pressão dos barões da mídia será violenta. Ela adora falar em
“mensalão”, mas não aceita perder os seus privilégios. “
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