“Presidente da Empresa de Pesquisa
Energética, Mauricio Tolmasquim reconhece que o País enfrenta um
"período conjuntural ruim", com baixo nível dos reservatórios das
hidrelétricas, mas destaca que o Brasil "enfrenta uma situação diferente"
da que levou ao racionamento de 2001, com aumento do parque termelétrico;
segundo ele, está "descartado" um novo apagão. "As chuvas estão
caindo no lugar certo, mas é preciso continuar chovendo", disse
Juliane Sacerdote, Brasília 247
O baixo nível dos reservatórios do país tem enclausurado a equipe técnica do governo em sucessivas reuniões. Mesmo com todos os encontros e o acompanhamento diário de dados de chuva e estiagem, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, voltou a afirmar que a situação "é diferente" da vivida em 2001, quando o país sofreu o apagão e enfrentou o primeiro grande racionamento de energia da história.
Ao Brasil 247, o presidente da EPE, órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, destacou que o quadro é de "tranqüilidade" mesmo com o "cenário conjuntural ruim", de níveis baixíssimos nos reservatórios. O otimismo, segundo ele, é porque as chuvas estão "caindo no lugar certo", e as previsões do tempo são "otimistas" para o resto do mês.
"As chuvas estão caindo no lugar certo, mas é preciso continuar chovendo. Temos hoje uma situação de oferta que nos dá tranqüilidade para passar por esse período conjuntural ruim", explicou.
Ainda de acordo com Mauricio Tolmasquim, entre 2001 e 2011, o país aumentou em 55% a capacidade instalada, e o consumo aumentou 49%. Uma conta que, segundo ele, fecha de forma favorável ao governo. "Em 2001 tínhamos energia sobrando no Sul e não tínhamos condições de levar para o Sudeste. Naquela época não tínhamos um parque termoelétrico como hoje, que nos possibilita não ficar na mão de São Pedro", enfatizou à reportagem.
Tranquilidade
A tranqüilidade, para o presidente da EPE, vem principalmente do aumento de oferta de energia elétrica no Brasil, que vai ganhar nove mil MWth e oito mil km de linhas de transmissão até abril deste ano. Cerca de 25% dessa oferta vem de novas usinas termelétricas, que nesse cenário de baixa nos reservatórios está contribuindo com 20% da geração de eletricidade total do país. Normalmente esse índice é de 10%.
"As termelétricas fazem parte do
sistema elétrico. Se as temos disponíveis, temos que usar. Oitenta por cento do
mundo faz uso dessa tecnologia. O Brasil concentra o sistema hidrelétrico por
uma questão de geografia", enfatizou.
Quarenta e cinco por cento dos novos MWth
vem de hidrelétricas, como Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira em Rondônia. O restante,
cerca de 30%, vem de fontes alternativas, com destaque para a energia gerada
pelos ventos, a eólica.
Mauricio Tolmasquim diz não acreditar em um
aumento no consumo por conta dos descontos de até 20% na conta de luz, já que
"mesmo com o abatimento, a conta de luz é cara". Mas explica que, se
isso ocorrer, o governo "está preparado". Ele enfatiza, ainda, que um
aumento da demanda na indústria "vai ser muito bem recebido", já que
representa crescimento da economia.”
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