O melhor produto do Brasil



O período das festas de fim de ano sempre se caracteriza pela renovação das esperanças e, nos tempos atuais, há uma exuberância de consumo, alegria, espetáculos, até porque é típico de nós seres humanos a confraternização seja para celebrar a alegria, afastar as dores ou esquecer as tristezas.

Eduardo Bomfim, Vermelho

No entanto, após a ressaca dos dias festivos que antecederam ao novo ano de 2013 a humanidade depara-se com a realidade de uma terrível crise econômica consequência das políticas neoliberais da nova ordem mundial que vem associada a um processo regressivo de civilização imposto pelo capital financeiro global.

Essa tem sido também uma época em que se promove uma escalada de guerras regionais de alta intensidade em várias partes do mundo através da loucura das grandes potências mundiais capitaneadas pelo consórcio anglo-americano em busca de riquezas e espaços geopolíticos militares. Não vivemos, portanto, o melhor dos nossos momentos mas um tempo de incertezas.

Além do mais nos encontramos sob a gerência executiva de uma governança mundial, quase oficial, uma hegemonia ideológica da grande mídia internacional sob a qual os povos são submetidos a um bombardeio de imediatismo, negativismo, desinformação, uma sistemática, indisfarçada política de insegurança para além da realidade já cheia de sobressaltos e perigos.

Na verdade os indivíduos se encontram sob fogo cruzado, de um lado ameaças reais vindas de um mundo turbinado ao extremo, furtado de qualquer horizonte que não seja o das prateleiras cheias das maravilhas da revolução tecnológica, do estímulo insano à competição entre grupos, corporações, pessoas, na busca do sucesso a qualquer preço, nem que seja por quinze minutos de uma glória efêmera, discutível.

E por outro lado os cidadãos encontram-se expostos à estratégia do pânico expressa nos alertas contra catástrofes, crimes, doenças, contaminação alimentar, química, dietas, estética do corpo, obesidade, terrorismo, enfim, a promoção ideológica da ansiedade patológica que leva à paralisia do pensamento crítico onde o perigo é o ser humano ao seu lado.

Já o nosso povo, ele não se encontra imune a essa crise dos tempos atuais mas sua civilização tropical e formação antropológica resistem, e procura celebrar a vida, dando razão ao cientista social potiguar Luís da Câmara Cascudo quando disse que o melhor produto do Brasil é mesmo o brasileiro.”

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