Mercadores do medo



O jornalista canadense Dan Gardner, escreveu uma série de textos transformados em livro cujo tema central é a indústria do pânico divulgada em escala mundial por interesses de lucro das grandes corporações globais ou em função de políticas que interessam ao exercício de poder internacional concentrado.

Eduardo Bomfim, Vermelho

A leitura desses escritos ajuda a revelar que a batalha de ideias é a força motriz para o exercício da hegemonia nos tempos atuais, com o recurso militar da governança global, por via de instituições internacionais, onde o horizonte do cidadão é rebaixado à condição de consumidor passivo.

Se de um lado o mundo real encontra-se carregado de perigos, sobressaltos, consequência de um tipo de civilização desprovida de padrões de civilidade substituídos pelo estímulo à disputa sem limites entre os indivíduos, organizações empresariais, ele é retroalimentado ad infinitum à lei da selva onde são exacerbadas todas as ameaças, possíveis ou imaginárias, a que as pessoas estão expostas através da cultura do medo.

Dan Gardner cita o exemplo, entre muitos, de um editorial do Times de Londres que afirma: o número de ingleses mortos por estrangeiros residentes na Grã Bretanha aumentou em um terço em oito anos.

Mas não esclarece que a possibilidade estatística de um inglês vir a ser assassinado em seu País por um imigrante seria de 0,00015%, um óbvio preconceito contra a força de trabalho internacionalizada pela nova ordem mundial na Inglaterra em crise econômica estrutural.

Essa promoção do pânico assumiu dimensão global dificultando a reflexão sobre as graves questões que envolvem os Países, os indivíduos, incapacitando-os de diagnosticá-las para transformá-las substancialmente.

Já o cineasta norte-americano Oliver Stone em recente entrevista declarou que a população dos EUA vive sob um Estado orwelliano, controlada pelo medo, vigiada, alienada, embrutecida, incapaz de entender a própria realidade.

Tanto a violência concreta quanto a cultura do horror disseminaram-se, inclusive ao Brasil, onde são impostos aos cidadãos através da grande mídia hegemônica subjetivos padrões ideológicos totalitários.

Assim a empreitada pelo desenvolvimento econômico, soberania do País, não se dissocia da luta por uma sociedade renovada, democrática, libertária, onde o potencial humano possa objetivamente realizar-se impulsionando a nossa capacidade produtiva e civilizatória.”

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