“Não existe mais nenhuma razão de se manter
o bloqueio [de Cuba] a não ser a teimosia de quem não reconhece que perdeu a
guerra, e perdeu a guerra para Cuba”, disse hoje, dia 30, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ao discursar no encerramento da 3ª Conferência
Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, patrocinada pela Unesco.
Ele conclamou Obama “ter a mesma ousadia
que levou seu povo a votar nele” e mudar os rumos da política externa para Cuba
e América Latina.
Lula abriu o seu discurso pedindo um minuto
de silêncio para as vítimas do incêndio em Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, e fez uma homenagem a Hugo Chavez, que se encontra internado em
Havana, em tratamento de saúde.
Com relação aos assuntos do continente,
Lula disse que o desafio dos presidentes e líderes não é só promover a
qualidade de vida e bem-estar, mas a integração latino-americana.
“Vocês não podem voltar para suas casas e
simplesmente colocar isso [a participação no evento] nas suas biografias. É
necessário que vocês saiam daqui cúmplices e parceiros de uma coisa maior, de
uma vontade de fazer alguma coisa juntos mesmo não estando reunidos
[fisicamente]”, afirmou Lula, dizendo que a tecnologia atual permite maior
integração.
Lula propôs uma “revolução na comunicação”
radicalizando o uso das redes sociais para contrapor a velha mídia do contra. O
recado foi: nós não podemos depender dos outros para publicar o que nós mesmos
devemos publicar.
“Nem reclamo, porque no Brasil a imprensa
gosta muito de mim”, ironizou o ex-presidente. E deu a sua opinião sobre a
razão pela qual a mídia tradicional tem resistência a ele: “Eu nasci assim, eu
cresci assim e vou continuar assim, e isso os deixa [os órgãos de imprensa]
muito nervosos”. O mesmo se aplicaria aos outros governos progressistas da
América Latina: “Eles não gostam da esquerda, não gostam de [Hugo] Chávez, não
gostam de [Rafael] Correa, não gostam de Mujica, não gostam de Cristina
[Kirchner],não gostam de Evo Morales, e não gostam não pelos nossos erros, mas
pelos nossos acertos”, disse. Para Lula, as elites não gostam que pobre ande de
avião, compre um carro novo ou tenha uma conta bancária.
“Quem imaginava que um índio, com cara de
índio, jeito de índio, comportamento de índio, governaria um país e, mais do
que isso, seu governo daria certo?”, indagou Lula, referindo-se a Evo Morales,
presidente da Bolívia. Ele contou que a direita brasileira queria que ele
brigasse com Evo, quando ele estatizou a empresa de gás boliviana, que era de
propriedade da Petrobras. “Aí eu pensei: eu não consigo entender como um
ex-metalúrgico vai brigar com um índio da Bolívia”, contou o ex-presidente, sob
os aplausos da plateia.”
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