Daniel Mello, Agência Brasil
“Durante a cerimônia de transmissão do
cargo, o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o combate à
miséria e a renegociação da dívida da cidade com a União serão os principais
focos de seu governo, que começa hoje (1º). “Não é possível conviver por mais
tempo com tanta desigualdade, com tanto descaso, com tantas mazelas. Crianças
brincando no esgoto a céu aberto”, ressaltou, no evento que aconteceu na sede
da prefeitura, no Viaduto do Chá, centro paulistano. “Existe ainda muita
miséria na cidade de São Paulo. E nós temos que lutar todos os dias deste
mandato contra a miséria da cidade”, acrescentou.
Para Haddad, a capital paulista pode se
tornar um exemplo de sucesso na erradicação da pobreza. “Vamos identificar as
pessoas, vamos fazer uma busca ativa, vamos reconhecê-las. Vamos interagir com
o governo do estado, com o governo federal. Vamos equacionar esse problema.
Vamos dar o exemplo de como o programa federal de erradicação da miséria pode
apresentar o seu primeiro resultado pleno na cidade mais rica do país”, pontuou
o prefeito, que enfatizou a importância de se ter uma visão baseada na
solidariedade para enfrentar os problemas da cidade.
“Eu sou daqueles que acredita não apenas
que haja amor em São
Paulo. Eu acredito que esse amor está pronto para se
manifestar com cada vez mais força, mais presença nessa cidade”, disse em
referência a uma manifestação popular feita à época da campanha eleitoral com o
lema Existe Amor em SP. “Eu entendo que talvez, durante toda a campanha, essa
manifestação não partidária, que não procurava angariar votos para um ou outro
candidato, diz muito sobre o que a cidade de São Paulo espera de nós” ,
completou.
Haddad reconheceu, entretanto, que para
poder colocar em prática seus planos para São Paulo precisará renegociar a
dívida do município com a União. O tema também foi enfatizado pelo prefeito que
deixou o cargo, Gilberto Kassab, no discurso de despedida. “São Paulo, apesar
do seu orçamento bilionário, um dos maiores do país, hoje perdeu a sua
capacidade de investimento, em função de um acordo de dívida literalmente
insustentável, hoje e no futuro”, destacou Haddad. “Nós não podemos conviver
com uma dívida que é 200% da nossa arrecadação”.
A solução deve vir, segundo Haddad, de um
acordo com o governo federal e com o Congresso Nacional.“Nós temos que levar ao
Congresso Nacional, com todas as tratativas com o governo federal, com o
ministro [da Fazenda] Guido Mantega, uma proposta de repactuação da dívida
federativa de estados e municípios”, disse.
Após o discurso, foram anunciados os nomes
dos novos secretários municipais e a criação da Secretaria de Políticas
para Mulheres.
Depois da cerimônia, transmitida por um
telão para o público do lado de fora do prédio, Haddad subiu em um palco
externo, onde saudou os apoiadores. “Nós não teríamos tomado posse hoje, se não
fosse a militância de vocês, se não fosse a cumplicidade de vocês. E o que eu
peço a Deus é nunca perder o contato com vocês”, disse o prefeito que convocou
a população a participar do governo, inclusive com críticas. “Nós não vamos
acertar sempre, mas podemos corrigir um eventual erro que cometermos”.
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