Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
“O
Globo está cada vez mais extremado em matéria de pensamento único. Continua
inconformado com a decisão da Suprema Corte de Justiça da Venezuela confirmando
que o Presidente Hugo Chávez não precisava tomar posse necessariamente no
último dia 10. Mas é impressionante, o jornal da família Marinho a cada dia se
supera em matéria de jornalismo ideologizado.
Para se ter uma
ideia a que ponto chegaram os editores, na quinta-feira (10), página 28,
apareceu uma foto de uma mulher cozinhando e a legenda dizia o seguinte:
“Desabastecimento. Uma mulher cozinha sob a vigilância de um poster de Chávez -
população já enfrenta problemas de escassez de produtos alimentícios na
Venezuela”.
Seria uma legenda
digna de humor ao estilo de O Pasquim se o texto não fosse criado de forma
realmente séria. O sério virou ridículo
O Globo, claro, como
impresso, tem o direito de fazer o que quiser, até mesmo em matéria de
jornalismo de baixa qualidade, como tem demonstrado em suas edições diárias. Mas
o que não pode ser aceito é transferir a manipulação da informação para os
canais de televisão controlados pela família Marinho. E colocar, por exemplo,
Arnaldo Jabor dando o recado do Instituto Millenium, para criticar de forma
ignorante o Presidente Hugo Chávez, com o claro objetivo de demonnizá-lo.
Televisão é uma
concessão pública e não pode ser utilizada pelos proprietários para o esquema
de lavagem cerebral, como acontece também diariamente nos informativos das
emissoras da família Marinho.
O desespero das
Organizações Globo em relação ao que acontece na Venezuela chega as raias do
absurdo. Convocam os colunistas de sempre, que seguem a pauta do Departamento
de Estado e do Instituto Millenium. Qualquer crítica ao que acontece em matéria
de manipulação da informação é geralmente respondida, quando respondida, como
restritiva à liberdade de imprensa e de expressão.
As Organizações
Globo convocaram também figuras do espectro ideológico do grupo, como Ives
Gandra e Ophir Cavalcanti, presidente da OAB, para criticar a decisão da
Justiça da Venezuela.
E o governo de Dilma
Rousseff também não foi poupado por sua posição admitindo que a Venezuela
adotou uma solução democrática na questão da posse de Chávez.
Como se todo esse
exemplo de jornalismo absolutamente parcial não bastasse, as Organizações Globo
até anteciparam a morte do Presidente Hugo Chávez. Torcem visivelmente para que
isso aconteça. E aí se perdem também, pois se Chávez incomoda vivo, morto vai
ser incomodar ainda mais a direita carcomida.
Mas detrás de tudo
isso se esconde o fato de as Organizações Globo, o Departamento de Estado, os
colunistas de sempre, regiamente pagos, e as oligarquias latino-americanas
temerem um fato real, qual seja, o caráter irreversível da Revolução
Bolivariana. Eis aí a causa principal do comportamento aético das Organizações
Globo, ou seja, o temor que mesmo se Chávez não puder completar o novo mandato
designado pelo povo, a Revolução Bolivariana continuará. Não tem mais volta.
A direita
venezuelana, que continua jogando todas as suas cartas em Enrique Capriles,
perde eleição e quer aproveitar a atual situação para ver se consegue reverter
o fato histórico do novo tempo que representou a ascensão de Hugo Chávez.
E, como prova ainda
da maior parcialidade das Organizações Globo, em um dos editoriais
desesperadores, o jornal tenta comparar os acontecimentos atuais na Venezuela
com um episódio ocorrido na vigência da ditadura no Brasil, quando o vice Pedro
Aleixo foi impedido pelos militares de assumir no lugar do general de plantão
Costa e Silva. O Globo conta com a falta de memória de parte dos seus leitores
e omite o fato de que sempre apoiou a ditadura e, como diria Leonel Brizola,
”engordou na estufa da ditadura”.
Em relação ao que
acontece em matéria de manipulação de informação nas emissoras de televisão e
rádio das Organizações Globo, mais do que nunca é preciso que o Brasil retome a
discussão sobre o controle social da mídia, para que a democracia avance neste
país, porque, sem isso, não se pode afirmar que no Brasil a democracia é cem
por cento.
Esse debate não pode
ser jogado para debaixo do tapete, como querem as poucas famílias que controlam
as emissoras de televisão do país.
Nesse sentido,
espera-se que a Presidenta Dilma Rousseff siga o exemplo de Cristina Kirchner e
aceite enfrentar a questão. Primeiro, a continuidade do debate amplo pela
sociedade brasileira, por sinal já iniciado. Depois, um posicionamento do
Congresso e, finalmente, vontade política do Executivo para não evitar que haja
avanço no setor.
Resta saber o que pensa sobre o tema o
Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.”
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