Rui Daher, Blog do Rui Daher
/ Terra Magazine
Leva-me a isso o cenário publicado no Valor (02/01) que, depois de consultar vários analistas, aponta um crescimento acima de 3% neste e no próximo ano para o Brasil.
É um palpite na média. Típico de quem prefere não se expor nem errar demais. Alguns o chamarão de realista.
Como sei que é nenhuma a consequência de previsões sobre a economia que passam longe do alvo, prefiro seguir meus palpites, argumentos e intuição, para entrar no palco incentivado pelo grito de “Quebra tudo!”.
Em 29/11/2012, neste espaço pouco curtido, arrisquei palpite, infeliz para muitos, mas que, realizado e Fla-Flu à parte, traria felicidade a todos.
Um mês antes do vaticínio das consultoras siglas expostas ontem no Valor, mandei ver que acreditava num crescimento do PIB em torno de 5%, para este ano.
Escândalo! Quer aparecer! A ponto de um leitor assim comentar: “Rapaz, você periga ser o analista que mais distante passou da triste realidade. Pelo menos, um recorde para você, mesmo que negativo” (03/12/2012, 15h24).
Confesso que me comovi com o termo “rapaz”, mas vou logo dizendo que àquela altura do campeonato, no calor da divulgação do “pibinho”, adivinhações tais estavam bem abaixo dos 3,0/3,5%, agora anunciados pelo jornal, o que me faz preocupado com a possibilidade de perder a primazia do recorde que me seria creditado.
Aos argumentos, então. Do lado de dentro:
1) Sou dos que acreditam que as medidas governamentais, primeiro de contenção e recentemente de incentivo à economia, começarão a mostrar seus efeitos já no primeiro trimestre deste ano;
2) Isso inclui a indústria de transformação que, precavida, até agora, não desempregou, e estará mais aliviada e confiante com taxas de juros menores, câmbio mais ajustado e BNDES disposto a financiar em longo prazo;
3) Com emprego e renda crescentes, aumentará o consumo das famílias;
4) Sim, a taxa de inflação não voltará ao centro da meta idealizado pela ortodoxia. Permanecerá ao redor do que foi em 2012;
Lá fora:
5) Estão consolidados os sinais de expansão industrial na China. O crescimento do PIB chinês poderá voltar à casa dos 9%;
6) Como previsto aqui, os EUA caminham para acertar sua pendenga fiscal, em 10 anos, não sei se “no cartão” democrata ou republicano;
7) Tanto o FMI como a OCDE estimam, para os EUA, aumentos de 1,8%, em 2011, 2,2%, em 2012 e 2013, e 2,8%, em 2014. Para a maior economia do planeta, 1% a mais no crescimento é muita coisa;
8) A Europa, que despencou em 2012, neste ano, iniciará uma lenta recuperação (é previsto as economias avançadas crescerem 0,4% e as emergentes, 2%);
9) Situações que tendem a recuperar “o pior saldo da balança comercial desde 2002”, como rolam as manchetes de hoje;
Taí.
Uai, mas não eram 10 os motivos?
O último é o meu irrefreável otimismo com a agropecuária, acima não arrolado e de que falo amanhã.”
Comentários