“Atualmente em férias, ex-presidente
retorna ao Instituto Lula na próxima semana para definir estrutura e roteiro da
empreitada; uma das ideias esboçadas por auxiliares diretos Paulo Okamoto e
Clara Ant é incursão por países do chamado continente esquecido; Lula vai à
Etiópia em março, onde pode dar a largada para suas novas viagens de corpo a
corpo com as classes pobres; antes, ainda este mês, estará em Cuba
Ao voltar da viagem de férias dentro do
Brasil, que realiza neste momento, o ex-presidente Lula terá diante de sua
mesa, no Instituto Lula, os primeiros planos organizados por seus auxiliares
diretos para a versão 2013 das Caravanas da Cidadania. Nas viagens anteriores
com esta marca, feitas a partir da década de 1990, ele refez o roteiro de sua
transferência na infância de Garanhuns (PE) a Santos (SP), foi, mais tarde, ao
Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do País, e cumpriu o que
chamou de circuito das grandes águas, na Amazônia. Agora, a movimentação de
Lula pode ganhar uma dimensão mais global.
"Por mim, ele iria à África",
deixou escapar, dias atrás, numa conversa informal no Instituto Lula, o braço
direito do ex-presidente, Paulo Okamoto. O que poderia parecer apenas uma
brincadeira, no entanto, está sendo levado seriamente em consideração no
rascunho do mapa da movimentação de Lula, sob a responsabilidade da ex-deputada
Clara Ant, que acompanha Lula há quase duas décadas. Ele é um dos convidados
mais aguardados para a reunião organizada em conjunto pela FAO, o organismo da
ONU para Alimentação e Agricultura, e a União Africana, dias 4 e 5 de março, na
Etiópia. A oportunidade pode ser aproveitada para, imediatamente a seguir, o
ex-presidente iniciar por ali sua caminhada político-midiática. Na agenda
internacional de Lula consta, no final deste mês, uma viagem à Cuba, onde
participará das comemorações pelos 160 anos de nascimento do cubano José Marti,
considerado o libertador do continente americano da dominação espanhola.
Politicamente, o zarpar o quanto antes das
caravanas da cidadania já vai sendo considerado uma necessidade para Lula. Fechado
em sua sala no segundo andar do Instituto ou, agora, em discretas férias com a
família, o ex-presidente vai sendo fustigado por ataques de adversários
disparados de todas as frentes. O contato com o povo e os fatos positivos que
podem ser criados a partir dessa ação são vistos como estratégicos para
reverter a situação – e lançar Lula novamente na ofensiva.
A inclusão de pelo menos um etapa
internacional, africana, no roteiro tem, de quebra, um elemento propagandístico
importante. Desde que deixou a Presidência da República sob aplausos da
comunidade internacional, Lula é visto com candidato permanente ao Prêmio Nobel
da Paz, em razão das políticas sociais que retiraram cerca de 40 milhões de
brasileiros do estado de pobreza absoluta. Um viagem mais demorada à África
certamente atrairia atenções da mídia de boa parte do mundo, alçando o nome
dele. Se der certo, o líder político atacado no Brasil poderá dar uma volta por
cima como um campeão mundial da inclusão.”
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