“Anúncio do novo valor para o
salário-mínimo (R$ 678), feito nesta segunda-feira (24) pela presidenta Dilma,
consolida uma consistente elevação do ganho real a partir do governo Lula. Os
números são incontestáveis e independem de julgamentos políticos. A questão
para a oposição é: como criticar a presidenta e garantir, ao mesmo tempo, a
continuidade desse movimento do salário?
Heberth Xavier, Brasil 247 / Vermelho
O anúncio do novo valor do salário mínimo,
feito nesta segunda-feira (24) pela presidenta Dilma Rousseff, revela um dado
incontestável pelos números: a escalada ascendente do poder de compra no país a
partir de um de seus maiores preços, o salário básico. Politicamente, consolida
uma vantagem para o PT e aliados que traz e trará dor de cabeça extra à
oposição. Como criticar a presidenta sem que isso aparente, ao eleitor, um passo
atrás no mínimo?
A média de aumentos no salário base no governo de Fernando Henrique Cardoso, com efeito, foi de R$ 17,50 ao ano. Lula mais do que dobrou esse número em seus oito anos no Palácio do Planalto (R$ 38,57 anualmente, na média). Com Dilma, nova expansão na média (R$ 56). Em dólares, o quadro fica ainda mais favorável aos petistas, uma vez que, a partir de 1999, a desvalorização do real jogou para baixo o valor relativo do mínimo (veja o gráfico acima). Em dólares, por exemplo, o mínimo começa 2013 valendo US$ 322,85. Lembrando que ele começou 2003, primeiro ano de Lula, em US$ 77 -- depois de atingir um pico de US$ 120 em 1998, sob FHC -- e praticamente não parou de elevar-se desde então.
São números incontestáveis. Com FHC, houve retrocesso. Com Lula, transferência de renda. A partir daí, claro, podem-se fazer julgamentos políticos. Um deles é que os últimos anos foram beneficiados por um mundo melhor na economia, ao contrário do período dos tucanos no poder, com crises frequentes em todos os continentes. Mas esse argumento esbarra na situação mundial desde 2008, com a crise americana.
Pode-se dizer que Lula seguiu as linhas básicas do governo de FHC e, assim, pegou a “casa arrumada”. Pode ser ou pode não ser, dependendo da opinião de cada um. O problema, para a oposição, é que o eleitor costuma ser menos sutil em suas análises -- e isso no Brasil ou qualquer lugar do mundo. "Mensalão", corrupção, caso Rosemary? Ok, mas é difícil convencer o eleitor que passou a ganhar mais -- e comprar mais -- que a hora é de mudança.”
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