Delegado nega grampos: “Houve tremenda confusão”

Superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon nega que haja 122 telefonemas entre Lula e Rosemary, alvo da Operação Porto Seguro; "Isso não é verdade"; sobre episódio de € 25 milhões envolvendo a ex-secretária, publicado pelo deputado Anthony Garotinho, ele diz que a PF não tem informações a respeito; antes, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou à Câmara que história era "fantasiosa", assim como os telefonemas; "Não sei de onde vem tanta especulação"

Brasil 247 / Agência Câmara

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não existem telefonemas entre a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. "Não existem essas gravações, eu não sei de onde foi tirado isso". De acordo com ele, se alguém realizou esses grampos, foi de forma ilegal. Cardozo se reuniu na manhã desta quinta com membros das comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

O fato foi confirmado pelo superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Roberto Troncon, também presente na audiência da Câmara. Segundo ele, "houve uma tremenda confusão" da imprensa ao divulgar os fatos, algumas vezes até atribuídos a ele. "Isso não é verdade", declarou. De acordo com Troncon, a ex-secretária não foi alvo de grampos da PF porque "não houve justa causa'.

Em relação ao fato publicado no domingo pelo deputado Anthony Garotinho, de que Rosemary teria chegado a Portugal com 25 milhões de euros numa mala diplomática, durante uma viagem com Lula, é "fantasiosa". O ministro disse que chega a ser difícil visualizar a quantia desse dinheiro, que só poderia ser transportado num carro-forte. "Não sei de onde vem tanta especulação", declarou.

Troncon também demonstrou estranhar a veracidade dos fatos, afirmando que para carregar essa quantia seria necessário um contêiner diplomático, e não uma mala. Mas afirmou que a PF não tem qualquer informação sobre isso e pediu a ajuda de Garotinho para esclarecer a denúncia. Nesta segunda, o deputado confirmou ao 247 que uma fonte lhe havia confidenciado a história. Segundo ele, há muitos detalhes para que ela não seja veradeira.

Autonomia

No início da audiência, Cardozo esclareceu que apesar de a Polícia Federal ser um órgão subordinado ao seu ministério, nenhuma das duas operações recentemente deflagradas pelo órgão – Porto Seguro e Dukheim – tiveram interferência dele. "Sempre que pessoas do mundo político ou econômico são investigadas há muita tensão, controvérsia e confusões", disse o ministro.

Ele acrescentou, no entanto, que "nenhuma dessas operações é fruto de instrumentalização do ministro da Justiça e nem de descontrole da Polícia Federal". Segundo o ministro, há anos a PF evoluiu de um status de polícia de governo para se tornar, de fato, uma polícia de Estado, "sem qualquer interferência política".

Cardozo disse ainda que normalmente o ministro da Justiça só toma conhecimento das operações no momento em que elas ocorrem. Em relação à Operação Porto Seguro, o ministro disse que foi informado de maneira genérica, no dia anterior, de que haveria uma operação envolvendo um órgão do governo.

"Ainda na quinta-feira [22/11], informei a presidente Dilma Rousseff que haveria uma operação da PF no dia seguinte envolvendo órgão do governo, mas sem detalhes, porque eu não os tinha naquele momento", disse Cardozo.

Segundo o ministro, ele manteve a agenda de quinta-feira e viajou para Fortaleza (CE), onde seria o anfitrião de um encontro de ministros do Mercosul. "Somente na manhã de sexta-feira, de volta a Brasília, tive um encontro com o doutor Leandro Daiello Coimbra, diretor-geral da Polícia Federal, em minha residência, e aí pude tomar conhecimento do teor de todos os mandados que haviam sido cumpridos naquele dia", disse.”

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