Akemi Nitahara, Agência Brasil
“Um debate hoje (7) em Petrópolis
aprofundou as discussões sobre o tombamento da chamada Casa da Morte, no
Quarteirão Suíço, imóvel que foi usado como centro de tortura durante a
ditadura militar.
A integrante do Coletivo RJ Memória,
Verdade e Justiça, uma das entidades que organizaram o debate, Ana Miranda,
disse que a ideia é transformar o local em um centro de memória onde se discuta
a vida, e não a morte.
“O objetivo é discutir a importância dos
lugares de memória hoje no Brasil, em especial o caso da Casa da Morte, tentar
alavancar essa discussão e acelerar a implantação do centro. Também fazer com
que as investigações sobre a Casa da Morte sejam feitas o mais rápido possível”.
Antes do debate, as organizações da
sociedade civil promoveram um ato em frente ao imóvel, para lembrar os 165
mortos e desaparecidos no estado do Rio de Janeiro.
A advogada Rosa Cardoso, integrante da
Comissão Nacional da Verdade (CNV), participou do debate e disse que um dos
projetos da CNV, instalada em maio deste ano, é justamente transformar esses
locais, onde foram cometidas atrocidades, em centros de preservação da memória,
a exemplo do que ocorre em outros países.
“Essa política pública de preservação de
espaços é um negócio que a gente tem visto não só na América Latina, na Europa,
também em Israel. Há
um movimento forte nesse sentido, aqui, no Cone Sul, mas próximo da gente, na
Argentina, no Chile.”
De acordo com ela, para transformar os locais
em centros de memória, primeiro é necessário que seja editado um decreto para
transformar o lugar em espaço de utilidade pública. Depois, ele deve ser
tombado e desapropriado para, então, ser feito o projeto de preservação com o
levantamento da história do imóvel. No caso da Casa da Morte, a prefeitura de
Petrópolis publicou em agosto o decreto. Rosa cita o modelo que funciona em São Paulo desde 2008.
“Lá em São Paulo foi criado o Museu da Resistência, no
espaço onde funcionava o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Lá tem
uma série de projetos políticos, culturais. Um levantamento foi feito sobre
tudo que ocorreu naquele lugar”, disse.
A advogada informou que a CNV pediu a
mudança de destinação do Destacamento de Operações de Informações - Centro de
Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio e de São Paulo, do Dops do Rio,
que hoje abriga o Museu da Polícia Civil, do Dops de Minas Gerais e do chamado
Dopinha de Porto Alegre.”
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