Carolina Gonçalves, Agência Brasil
“Policiais federais pediram na manhã de
hoje (9), na capital federal, mudanças nos processos de investigações criminais
e o fim do inquérito policial. Para simbolizar a reivindicação, eles usaram um
balão inflável no formato de um elefante branco, de quase 3 metros de altura,
onde está escrita a expressão “inquérito policial”.
“No mundo todo, somos o único país que
trata a questão criminal com esse instrumento. Será que somos os únicos certos
ou será que estamos ultrapassados? Isso tem que acabar. Polícia tem que
investigar, relatar e passar os fatos para o Ministério Público. Polícia não tem
que julgar”, defendeu o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no
Distrito Federal (Sinpol/DF), Jonas Leal.
Durante todo o dia de hoje (9), um grupo de
agentes ficará em frente à Torre de TV, uma das principais atrações turísticas
da cidade, para iniciar a campanha na capital federal. Nos próximos dias, os
moradores de Brasília poderão se deparar com o balão, que será instalado em
diferentes locais da cidade. O elefante branco já passou pelas capitais São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Agentes federais relataram que o inquérito
tem sido usado em ações corruptas. Segundo eles, o processo facilita o objetivo
de pessoas que têm interesse em retardar o julgamento de crimes ou ainda
esconder as investigações. “As consequências do inquérito são sempre a
impunidade e corrupção”, disse Leal.
O presidente do Sinpol/DF acrescenta que o
procedimento representa pouca qualidade na apuração dos fatos. Ele lembra que,
durante o inquérito, não existe direito de defesa das partes acusadas. “É só
inquisitório, só pergunta. O acusado só pode apresentar a defesa quando chega à
Justiça”, disse o policial, destacando que, até o caso chegar aos tribunais, o
acusado pode ficar preso por dias sem que exista comprovação de seu
envolvimento no crime.
“Não seria mais prático fazer o relatório e
entregar para o Ministério Público que avalia e manda para o Judiciário? Teria
mais celeridade. Nos Estados Unidos, as coisas chegam a ser julgadas no mesmo
dia. Aqui, você chega às delegacias e tem pilhas de inquéritos acumuladas ao
longo de meses”, criticou Leal.”
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