Mariana Jungmann, Agência Brasil
“O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
disse que a saída do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, da cadeia é “mau presságio” sobre a apresentação, nesta quarta-feira
21, do relatório da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI). A comissão
investiga as relações de Cachoeira com agentes públicos e privados. O
empresário deixou, de madrugada, o Presídio da Papuda, em Brasília, onde ficou
durante nove meses.
“A expectativa que tenho do relatório não é
das melhores. As notícias que me chegam é que a saída do Cachoeira [da Penitenciária da Papuda] é um mau
presságio”, avaliou Rodrigues, que participou da comissão.
O senador foi contra o encerramento da CPMI
neste momento e tentou convencer os colegas a aprovar a prorrogação das
investigações. Com a base aliada do governo unida pelo encerramento dos
trabalhos, Randolfe Rodrigues e outros parlamentares oposicionistas decidiram
apresentar voto em separado para ser analisado junto com o relatório oficial do
deputado Odair Cunha (PT-MG). Eles também devem pedir ao Ministério Público o
indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do ex-presidente da
empresa Delta Fernando Cavendish. A Construtora Delta tem diversos contratos
com o governo federal e governos estaduais e é acusada de ter sido usada por
Cachoeira para fraudar licitações públicas.
Carlinhos Cachoeira foi solto depois de ser
condenado nessa terça-feira (20) a cinco anos de prisão em consequência da
Operação Saint-Michel, que apurou irregularidades no sistema de transporte
público no Distrito Federal. Como a pena é inferior a oito anos, o regime
inicial da prisão deve ser semiaberto.
O empresário foi preso no dia 29 de
fevereiro como resultado da Operação Monte Carlo, que apurou a corrupção e
exploração ilegal de jogos na esfera federal. Desde então, Cachoeira ficou
preso preventivamente no Distrito Federal e em Goiás. Vários
pedidos de liberdade foram formulados nos dois processos, mas sempre esbarravam
em decisões que alegavam o alto poder de influência do empresário.
A CPMI do Cachoeira, como ficou conhecida a
investigação parlamentar, apurou o envolvimento dele com agentes públicos e
empresários. Cachoeira foi acusado de corromper policiais para garantir
proteção ao esquema de exploração de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis em Goiás. Deputados
estaduais, federais e o ex-senador Demóstenes Torres foram acusados de fazer
parte do esquema. Torres teve o mandato cassado por ser considerado um lobista
do grupo.”
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