“Cobrança foi feita pelo Movimento
Mães de Maio. O balanço da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo indica
aumento de 96% no número de homicídios na capital em setembro, em comparação
com o mesmo período do ano passado.
Brasil 247 / Agência Brasil
“O Movimento Mães de Maio quer investigação
federal para o aumento do número de assassinatos no estado de São Paulo,
especialmente na capital. "Há a necessidade muito grande de uma equipe
federal para acompanhar o desenrolar das investigações sobre os assassinatos
dos civis", disse a coordenadora do movimento, Débora Maria da Silva. Ela
se reuniu ontem (8) à noite com representantes de outros movimentos sociais
para definir formas de cobrar das autoridades uma solução para o problema.
O balanço da Secretaria de Segurança
Pública de São Paulo indica aumento de 96% no número de homicídios na capital
em setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 135 casos
de homicídios, enquanto em 2011 foram registrados 69 casos. No acumulado de
janeiro a setembro, a alta foi 22% na capital, com 920 casos de homicídios. Em
todo o estado, no mesmo período, o aumento foi 8%.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil
nos últimos dias apontam como causa principal da violência uma guerra entre a
Polícia Militar e a facção criminosa que atua nos presídios paulistas. Detentos
estariam comandando ataques contra policiais, o que já resultou no assassinato
de 90 membros da corporação desde janeiro. As mortes de civis seriam uma forma
de vingar esses assassinatos.
O convênio firmado esta semana entre os
governos federal e estadual para tentar conter o aumento da violência em São Paulo foi alvo de
críticas durante a reunião. Segundo Débora Silva, em nenhum momento o convênio
fala sobre os cidadãos comuns que estão morrendo.
Na parceria, foi acordada a criação
de uma agência integrada de inteligência para combater a violência no estado. Além
disso, ficou acertada a transferência de criminosos acusados de ordenar a morte
de policiais para presídios federais de segurança máxima em outros estados.
Para Débora Silva, que acompanha as mortes
em confronto com policiais e a atuação de grupos de extermínio desde 2006, há
envolvimento de policiais nessas ações e, por isso, a investigação federal é
importante. "Existem grupos de extermínio, existem milicianos muito bem
aparelhados dentro dos batalhões", sustenta.
A educadora Fabiana Ivo, da Rede de
Educação Cidadã (organização que trabalha em bairros periféricos), diz que tem
sido observado um aumento significativo de mortes de jovens nas periferias,
muitos sem envolvimento com o crime. "A gente tem trabalhado com
levantamentos nos distritos do Campo Limpo, Jardim São Luís, Jardim Ângela e
Capão Redondo. Dentro desses distritos temos recebidos informações sobre
jovens, de 13 a
29 anos, que estão desaparecendo", acrescenta.
Segundo Fabiana Ivo, nos últimos 15 dias
pelo menos cinco jovens desapareceram. Ela conta ainda que seu primo foi alvo
de um atentado em um bar na madrugada de quarta-feira (7) em Diadema, no ABC
Paulista. Na ocasião, dois homens em uma moto atiraram contra todas as pessoas
que estavam em frente ao estabelecimento. O primo de Fabiana foi atingido no
braço.
A Agência Brasil entrou em contato com o
Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mas até agora não obteve
resposta."
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