“Israel não aprendeu lição alguma com a
Operação Chumbo Fundido, em 2008. Está fixado no conceito de que a morte do
braço armado do Hamas e de seus líderes políticos pode acabar com a
organização. O Hamas é um movimento de massa e uma organização com instituições,
disciplina e leis. Ao contrário do Fatah, o Hamas não depende de uma figura
carismática. Até os opositores do Hamas estão convencidos de que Israel não é
apenas o ocupante, mas o agressor. Então, quando o ataque terminar, o Hamas
estará provavelmente mais forte. O artigo é de Amira Hass.
Amira Hass, Haaretz / Carta Maior
Diferentemente da Operação Chumbo Fundido,
na qual o exército de Israel bombardeou lugares populosos, como postos
policiais próximos a escolas desde o primeiro dia de ataque, desta vez parece
claro que o IDF tenta impedir perdas pesadas entre os palestinos. Essa
conclusão não pode consolar as famílias cujos membros foram mortos ou feridos
até agora. Nem alivia o medo do que ainda pode acontecer.
Até a tarde de quinta-feira (15), ao menos quatro civis palestinos haviam sido mortos em ataques aéreos – um menino de 11 anos e uma menina de 3, uma jovem grávida e um senhor de 60 anos. Dezenas de civis foram feridos.
Até a tarde de quinta-feira (15), ao menos quatro civis palestinos haviam sido mortos em ataques aéreos – um menino de 11 anos e uma menina de 3, uma jovem grávida e um senhor de 60 anos. Dezenas de civis foram feridos.
Embora Israel renuncie à responsabilidade pelas mortes palestinas na Operação Chumbo Fundido, prefere agora reduzir o número dos espetáculos sangrentos. Esses espetáculos, que não eram mostrados na televisão israelense em 2008-2009, foram vistos em todo o mundo e levantaram protestos sem precedentes.
Em contraste com a lição de relações públicas que Israel aprendeu depois da Operação Chumbo Fundido, o país não aprendeu lição alguma, desta vez. Está fixado no conceito de que a morte do braço armado do Hamas e de seus líderes políticos pode acabar com a organização.
O Hamas é um movimento de massa e uma organização com instituições, disciplina interna e leis. Ao contrário do Fatah, o Hamas não depende de uma figura carismática ou de personalidade de um líder forte. Sua política e seus debates são marcados pela continuidade, mesmo que dirigentes mais velhos sejam mortos por um míssil ou uma bomba israelense.
Os líderes de Israel poderiam ter aprendido essa lição há muito tempo, se quisessem. Eles também poderiam concluir que ataques militares contra toda a população palestina a une em torno de seus líderes e silencia a crítica.
A população de Gaza tem muitas razões para reclamar do Hamas, o qual merece a sua reputação de ser um poder opressor. Mas até os opositores do Hamas estão convencidos de que Israel não é apenas o ocupante, mas o agressor. Então, quando o ataque terminar, o Hamas estará provavelmente mais forte.
O Hamas está fazendo tudo o que pode para provar que é melhor que o Fatah como partido da situação e para acabar com a ocupação (um termo que às vezes se refere ao país inteiro e, às vezes, aos territórios ocupados em 1967).
Para alcançar esse objetivo, o Hamas não se preocupa em transformar Gaza num pseudo-estado, aprofundando assim as diferenças políticas e sociais com a Cisjordânia. Para o Hamas, os laços com o mundo muçulmano e árabe são mais importantes do que uma passagem segura para Ramallah.”
Tradução: Katarina Peixoto
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