“Presidente brasileira é tratada como a
grande estrela da Cúpula Ibero Americana, em Cádiz, na Espanha; numa conversa
com o publisher do El Pais, Juan Luis Cebrián, ela deu lições ao país que, até
recentemente, tratava o Brasil como um dos objetos de sua reconquista da
América Latina; "é preciso pagar as dívidas, mas também é preciso
tempo para que os países o façam em condições sociais menos adversas; não
apenas por razões éticas, mas também econômicas", disse Dilma; confira
íntegra
Não
resta a menor dúvida: a presidente Dilma Rousseff foi a grande estrela da
Cúpula Ibero Americana, realizada em Cádiz, na Espanha. Neste domingo, o jornal
El Pais, maior diário espanhol, dedica uma página inteira à líder política que
a publicação qualifica como "Dilma, la fuerte". E o relato foi feito
por ninguém menos que Juan Luís Cebrián, presidente do grupo Prisa, que edita o
El Pais (leia aqui a íntegra em
espanhol).
O
espaço dedicado a Dilma no El Pais é um retrato dos novos tempos. Até
recentemente, a Espanha e suas empresas miravam o Brasil como um território a
mais na sua reconquista da América Latina. E companhias ibéricas, como o
Santander, a Telefônica e a Iberdrola, foram os grandes atores da privatização
de setores como o financeiro, o de telecomunicações e o de energia no Brasil. Hoje,
a Espanha está mergulhada em profunda recessão, com mais de 25% da população
desempregada, e pede ajuda ao Brasil para que invista no outro lado do
Atlântico e para que conceda vistos a profissionais qualificados.
Dilma,
"la fuerte", é, portanto, uma das esperanças de salvação do governo
espanhol. Ao editor Cebrián, a presidente brasileira enviou mensagens
importantes sobre como enfrentar a crise. "O problema europeu não é seu
estado de bem-estar social, mas sim o fato de terem aplicado soluções
inadequadas contra a crise, que resultaram num empobrecimento da classe
média", disse Dilma. "Se continuarem assim, vocês produzirão uma
recessão generalizada".
A
presidente lembrou que o Brasil incorreu no mesmo erro. "Nós vivemos isso.
O Fundo Monetário Internacional nos impôs um processo que chamaram de ajuste e
agora definem como austeridade. Era preciso cortar todos os gastos, tanto
correntes como de investimento. Esse processo gerou a quebra de praticamente
toda a América Latina na década de 80".
Cebrián
destacou em seu texto que Dilma é hoje considerada uma das três mulheres mais
poderosas do mundo, ao lado de Hillary Clinton, secretária de Estado dos
Estados Unidos, e Angela Merkel, chanceler alemã. Como Hillary deixa o cargo no
fim do ano, restam duas: Dilma e Merkel, que apontam visões distintas sobre
como enfrentar a crise. Enquanto a alemã simboliza a austeridade, Dilma defende
políticas contracíclicas, como tem sido feito no Brasil desde 2008.
A
presidente brasileira afirmou ao jornalista espanhol que expôs seus pontos de
vista à chanceler alemã. "Disse em todas as reuniões do G20 que a Europa
passa por algo que já experimentamos na América Latina. Há uma crise fiscal,
uma crise de competitividade e uma crise bancária. E as receitas aplicadas
estão causando uma recessão brutal. Sem investimento, será impossível sair
dela", disse. "É preciso pagar as dívidas, mas também é preciso tempo
para que os países o façam em condições sociais menos adversas; não apenas por
razões éticas, mas também econômicas."
Dilma
disse ainda que o euro é um projeto inacabado, apontando o que talvez seja a
saída para a Espanha – uma autonomia monetária maior, que permita ao país maior
flexibilidade para enfrentar a maior recessão de sua história. Ela disse ainda
que "distribuir renda é uma exigência moral, mas também uma premissa para
o crescimento."
O
fato incontestável é que o Brasil passou a ser ouvido com respeito cada vez
maior dos interlocutores internacionais. Dilma é chamada de "la
fuerte" sobretudo porque o Brasil também apresenta hoje uma boa solidez
econômica.”
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