“A presidente brasileira encontrou seu
lugar na arena global: em questões econômicas, ela representa a antítese da
chanceler alemã
De todas as viagens internacionais da
presidente Dilma Rousseff, nenhuma foi tão importante e teve tanto significado
quanto a destes últimos dias à Espanha, onde participou de uma cúpula entre
países ibero-americanos. De Cádiz, Dilma retorna com um papel definido na arena
global: ela representa, a partir de agora, a antítese da chanceler alemã Angela
Merkel. Ao menos, nas questões econômicas.
Entrevistada pelo El Pais, maior jornal
espanhol, Dilma foi portadora de uma nova mensagem: a de que as dívidas dos
países europeus não devem ser pagas com o sacrifício de suas populações. O
resultado prático da política atual de austeridade, imposta pela Alemanha, é um
círculo vicioso sem fim de crises econômicas, que demandam mais ajustes fiscais
e geram mais recessões. Um receituário definido como “letal” pelo diretor do El
Pais, Juan Manuel Cebrián.
Não por acaso, as populações de vários
países da Europa, especialmente de países como Grécia, Portugal, Espanha e
Itália, começam a se levantar contra a chanceler alemã. Uma figura que, aos
poucos, se consolida como a grande vilã da crise europeia, num cenário de
convulsão social que já lembra o dos anos 30, tão bem retratado no clássico “A
Grande Transformação”, de Karl Polanyi.
Em março deste ano, Dilma e Merkel se estranharam
num encontro na Alemanha. Enquanto a brasileira criticou o “tsunami monetário”
dos países riscos, a alemã condenou medidas protecionistas adotadas no Brasil. As
duas fazem parte do trio de mulheres mais poderosas do mundo, apontado pela
revista Forbes. A outra, Hillary Clinton, deixa o comando do Departamento de
Estado norte-americano no fim do ano.
Restarão Dilma e Merkel na arena. E esse
confronto de ideias fará bem à economia mundial."
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