Calar a periferia é uma forma de racismo

Tese é do escritor moçambicano Mia Couto. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. Mas, poeta? Pensamento próprio, isso não”

Daniel Mello, Agência Brasil

O escritor moçambicano Mia Couto disse, em São Paulo, que impedir a população mais pobre de pensar por si mesma é uma prática racista. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. Mas, poeta? No sentido que o poeta não produz só uma arte, mas pensamento. Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o bonito. Mas, pensamento próprio, isso não”.

O escritor, que já recebeu diversos prêmios, como o da União Latina de Literaturas Românicas, visitou ontem (7) o sarau da Cooperifa. O evento é realizado toda quarta-feira no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela, zona sul paulistana. Nessas reuniões, que ocorrem há 11 anos, crianças, adolescentes e adultos se revezam ao microfone para recitar poesia.

“É uma coisa nova que me acontece no Brasil, estar em um lugar como este”, disse ao começar o bate-papo com a plateia que lotou a laje do bar para ouvi-lo. Couto já esteve no país em várias ocasiões, mas só na noite de ontem satisfez a vontade de conhecer a periferia de uma grande cidade.

“Faltava-me essa experiência”, ressaltou. “Eu queria visitar a periferia de uma cidade brasileira pela mão de amigos, pela mão de gente da periferia”, acrescentou o autor que também se sente procedente de um lugar periférico.“Sou filho de portugueses que migraram nos anos 1950 para uma pequena cidade. Moçambique já é uma periferia. Eu sou da periferia da periferia, porque é uma cidade pequena”.

A identificação com a periferia da zona sul de São Paulo também está, segundo Couto, na resistência à condição de invisibilidade. Para ele, os moçambicanos têm buscado força para dizer: "queremos permanecer, queremos ser parte do mundo, queremos ser parte de um universo que não é sempre periferia”.
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Comentários

Anônimo disse…
os esquerdistas do braziu repetem as mesmas frases de efeito, para ver se cola, quem está calando a periferia? sei lá eu não sou. Querer separar as pessoas é técnica antiga dos comunistas, repetir chavões até que o povão burro acredite e siga os vermelhos sempre foi de seu metiê. Vá procurar trabalho seus vagabundos
Anônimo disse…
Racismo ao que eu saiba é direcionada a uma determinada raça e não a uma determinada condição social, e há diversas raças morando nas favelas! O racismo aí está na cabeça desse escritor! deveria estudar um pouquinho antes de escrever essas bobagens...
Anônimo disse…
Ao me ver, caracterizar pobre como raça, soa bastante preconceituoso...