Carlos Castilho, Observatório da Imprensa
“Uma nova queda de braço entre o dono da rede social Facebook (FB) , Mark Zukerberg, e seus milhões de usuários começa a ganhar corpo na internet, no que muitos já antecipam com uma possível ruptura do modelo democrático no ciberespaço.
Tudo começou na quarta-feira (21/11), quando a direção do Facebook anunciou sua intenção de acabar com o sistema que permite seus usuários opinarem sobre decisões da empresa. Trata-se de um dispositivo por meio do qual se uma alteração das regras de relacionamento com usuários receber mais de sete mil comentários online, a diretoria se compromete a submeter a questão a um plebiscito entre usuários; e se 30% deles forem contra, a medida seria abandonada.
Esta cláusula foi adotada em 2009, quando houve a primeira grande rebelião de usuários contra a alteração das regras de privacidade da rede social para ampliar as possibilidades de faturamento, usando dados processados de usuários para identificar tendências e, com elas, vender inserções publicitárias. Desde então, nada podia ser mudado sem a aprovação de pelo menos 30% dos usuários.
O argumento do Facebook é no mínimo polêmico. A maior rede social da internet acha que cresceu demais inviabilizando a democracia interna por conta de seu gigantismo e pela necessidade de atender acionistas e exigências legais de governos estrangeiros.
Além de bloquear a oposição interna às mudanças nas políticas de relacionamento com seus associados, a rede FB quer acabar com os verdadeiros plebiscitos informais organizados por usuários em várias partes do mundo sobre temas que variam desde a política até tendências sexuais, e que sempre incomodaram profundamente governos, instituições e personalidades. Também quer mudar as regras de uso do correio eletrônico concedido a cada usuário.
O argumento de que a democracia depende do número de pessoas envolvidas é altamente questionável pois, se levado ao pé da letra, implica dizer que o sistema só pode vigorar em nações ou comunidades pouco populosas, e que os países com alta concentração demográfica só podem ser governados com métodos autoritários. Se depender desse tipo de argumento, Zukerberg está fadado a sofrer mais uma derrota.
Mas o que potencialmente é mais grave para toda a internet é a opção da Facebook pelos acionistas e governos estrangeiros. Desde maio, Facebook é uma empresa cujas ações são cotadas em bolsa. O valor dos papéis despencou de 38 dólares a ação em maio para menos de 20 dólares, em setembro, e agora se recupera atingindo US$ 24 na semana do anúncio na nova proposta de mudança de regras internas na rede.
Ao alegar que a democracia interna prejudica os seus negócios, FB rompe com o seu passado e com a ideia original que alavancou o seu crescimento vertiginoso. Hoje, a direção da rede alega que atinge 1 bilhão de usuários, embora os institutos de pesquisa da audiência na web situem a população real em torno dos 600 milhões de pessoas.
Deixa de ser uma rede social, o que no imaginário dos internautas significava uma estrutura horizontal e descentralizada, para se transformar num negócio com decisões centralizadas e verticalizadas.
Facebook também troca a heterogênea população de usuários espalhada pelos mais diversos cantos do mundo pelas regras da política internacional, ao ceder às pressões de governos, instituições e personalidades mundiais pouco acostumadas com as críticas e o inconformismo de internautas, em sua maioria jovens que transformaram a internet numa espécie de refúgio existencial.
Tudo indica que o confronto entre a direção da rede Facebook com seus usuários vai ser complicado. Se a empresa aplicar a regra vigente, ela provavelmente terá que recuar mais uma vez, o que significa que os seus acionistas continuarão desconfiados em relação à capacidade da rede de aumentar suas receitas com publicidade. Logo, as ações tenderão a cair novamente e Zukerberg terá novas dores de cabeça na área financeira. [Você pode acompanhar a reação dos usuários da rede Facebook às novas propostas no site https://www.facebook.com/fbsitegovernance]
Se, no entanto, a direção da empresa usar do autoritarismo para mudar a regra sem consulta aos usuários, surge o fantasma de uma fuga em massa, o que pode significar a agonia rápida de uma rede que já foi considerada o paradigma da internet. É uma possibilidade real, porque já ocorreu antes com a outrora toda-poderosa rede My Space e também com o fenômeno Orkut, da Google. Ambos minguaram depois que seus usuários debandaram para a Facebook, atraídos pela ideia de uma rede democrática e livre."
“Uma nova queda de braço entre o dono da rede social Facebook (FB) , Mark Zukerberg, e seus milhões de usuários começa a ganhar corpo na internet, no que muitos já antecipam com uma possível ruptura do modelo democrático no ciberespaço.
Tudo começou na quarta-feira (21/11), quando a direção do Facebook anunciou sua intenção de acabar com o sistema que permite seus usuários opinarem sobre decisões da empresa. Trata-se de um dispositivo por meio do qual se uma alteração das regras de relacionamento com usuários receber mais de sete mil comentários online, a diretoria se compromete a submeter a questão a um plebiscito entre usuários; e se 30% deles forem contra, a medida seria abandonada.
Esta cláusula foi adotada em 2009, quando houve a primeira grande rebelião de usuários contra a alteração das regras de privacidade da rede social para ampliar as possibilidades de faturamento, usando dados processados de usuários para identificar tendências e, com elas, vender inserções publicitárias. Desde então, nada podia ser mudado sem a aprovação de pelo menos 30% dos usuários.
O argumento do Facebook é no mínimo polêmico. A maior rede social da internet acha que cresceu demais inviabilizando a democracia interna por conta de seu gigantismo e pela necessidade de atender acionistas e exigências legais de governos estrangeiros.
Além de bloquear a oposição interna às mudanças nas políticas de relacionamento com seus associados, a rede FB quer acabar com os verdadeiros plebiscitos informais organizados por usuários em várias partes do mundo sobre temas que variam desde a política até tendências sexuais, e que sempre incomodaram profundamente governos, instituições e personalidades. Também quer mudar as regras de uso do correio eletrônico concedido a cada usuário.
O argumento de que a democracia depende do número de pessoas envolvidas é altamente questionável pois, se levado ao pé da letra, implica dizer que o sistema só pode vigorar em nações ou comunidades pouco populosas, e que os países com alta concentração demográfica só podem ser governados com métodos autoritários. Se depender desse tipo de argumento, Zukerberg está fadado a sofrer mais uma derrota.
Mas o que potencialmente é mais grave para toda a internet é a opção da Facebook pelos acionistas e governos estrangeiros. Desde maio, Facebook é uma empresa cujas ações são cotadas em bolsa. O valor dos papéis despencou de 38 dólares a ação em maio para menos de 20 dólares, em setembro, e agora se recupera atingindo US$ 24 na semana do anúncio na nova proposta de mudança de regras internas na rede.
Ao alegar que a democracia interna prejudica os seus negócios, FB rompe com o seu passado e com a ideia original que alavancou o seu crescimento vertiginoso. Hoje, a direção da rede alega que atinge 1 bilhão de usuários, embora os institutos de pesquisa da audiência na web situem a população real em torno dos 600 milhões de pessoas.
Deixa de ser uma rede social, o que no imaginário dos internautas significava uma estrutura horizontal e descentralizada, para se transformar num negócio com decisões centralizadas e verticalizadas.
Facebook também troca a heterogênea população de usuários espalhada pelos mais diversos cantos do mundo pelas regras da política internacional, ao ceder às pressões de governos, instituições e personalidades mundiais pouco acostumadas com as críticas e o inconformismo de internautas, em sua maioria jovens que transformaram a internet numa espécie de refúgio existencial.
Tudo indica que o confronto entre a direção da rede Facebook com seus usuários vai ser complicado. Se a empresa aplicar a regra vigente, ela provavelmente terá que recuar mais uma vez, o que significa que os seus acionistas continuarão desconfiados em relação à capacidade da rede de aumentar suas receitas com publicidade. Logo, as ações tenderão a cair novamente e Zukerberg terá novas dores de cabeça na área financeira. [Você pode acompanhar a reação dos usuários da rede Facebook às novas propostas no site https://www.facebook.com/fbsitegovernance]
Se, no entanto, a direção da empresa usar do autoritarismo para mudar a regra sem consulta aos usuários, surge o fantasma de uma fuga em massa, o que pode significar a agonia rápida de uma rede que já foi considerada o paradigma da internet. É uma possibilidade real, porque já ocorreu antes com a outrora toda-poderosa rede My Space e também com o fenômeno Orkut, da Google. Ambos minguaram depois que seus usuários debandaram para a Facebook, atraídos pela ideia de uma rede democrática e livre."
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