Luis
Nassif, Luis Nassif Online
Primeiro:
é sonho sem sentido do PSDB, supor que o governador pernambucano Eduardo Campos
aceitaria ser vice em uma chapa com Aécio Neves. Campos tem voo próprio e, se
os ventos da economia estiverem favoráveis, vai e resguardar para 2018.
Por outro lado, não se acredita que o PSDB deixará de lançar Aécio como candidato em 2014. Segundo Fornazieri, se Aécio não sair candidato, o PSDB acaba, como grande partido nacional.
Há
arranjos alternativos. Recentemente, em um programa Brasilianas, o cientista
social Marcos Nobre aventou a possibilidade de uma dobradinha Campos-Anastasia,
com Aécio se candidatando novamente ao governo de Minas, por falta de
sucessores no Estado.
Coluna
Econômica
A definição dos cenários políticos futuros costuma ser tarefa tão
inglória quanto a projeção de cenários econômicos.
Esse foi o desafio de uma mesa que mediei na 4a feira à
noite, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Compunham
a mesa os professores Aldo Fornazieri, Carlos Melo e André Singer.
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Um dos pontos de discussão foi sobre o que Fornazieri chamou de “mito
determinante das eleições”. Em sua opinião não existe um fator que influencie
eleições. O ponto determinante é a conjuntura. Há conjuntura de continuidade e
conjuntura de mudança, diz ele.
Em São Paulo, Serra
enfrentou uma conjuntura de mudança. E seria derrotado por qualquer um dos três
candidatos que representasse o novo, Fernando Haddad, Gabriel Chalita ou Celso
Russomano.
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Melo considerou que a indicação de Serra para disputar a prefeitura de
São Paulo abortou um movimento de renovação do PSDB. Por que esse erro
reiterado do PSDB com Serra, indaga ele? Em sua opinião, há um esvaziamento de
lideranças políticas no mundo inteiro.
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Em minha opinião, o grande problema dos dois maiores partidos
brasileiros, o PT e PSDB, é o da governança, da democracia interna.
A atual geração de dirigentes é filha da campanha das diretas, nos anos
80. Estratificaram-se no poder, impedindo a renovação, especialmente a partir
de um certo paulicentrismo.
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No caso do PT, houve a renovação – com Dilma e, agora, com Haddad –
exclusivamente devido ao enorme poder que Lula desenvolveu internamente no
partido, especialmente após o esvaziamento da liderança de José Dirceu, após o
episódio do “mensalão”.
Sem essa liderança, os mecanismos internos do partido - mesmo
sendo mais democráticos que no PSDB – jamais teriam aberto espaço para as novas
candidaturas.
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No PSDB, Fernando Henrique Cardoso reconheceu a necessidade de renovação
mas não botou a mão na massa – como Lula. A presidência do partido estava
nas mãos de um político inexpressivo.
Com isso, deixou espaço livre para a truculência de Serra e do pequeníssimo
exército de centuriões que o acompanha.
Não ter lançado Aécio candidato em 2010 pode ter sido o erro final do
partido.
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Mesmo aceitando-se a tese da renovação em São Paulo, não houve
concordância se foi um fenômeno nacional. Singer supõe que sim, pelo
número de prefeitos novos eleitos, especialmente nas capitais. Fornazieri viu
novidades apenas onde prefeitos não poderia se reeleger.
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Em relação às próximas eleições presidenciais, alguns pontos de vista
concordantes e outros discordantes.
Por outro lado, não se acredita que o PSDB deixará de lançar Aécio como candidato em 2014. Segundo Fornazieri, se Aécio não sair candidato, o PSDB acaba, como grande partido nacional.
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O fator 2006 - 1
Para Singer, as eleições de 2006 foram um marco divisor, quando
eleitores de baixa renda – que votaram em Fernando Collor e,
depois, em
Fernando Henrique Cardoso – aderiram em massa à candidatura
Lula e, depois, lentamente seguiram em direção ao PT. Esse movimento modificou
a base do PT que, antes, era mais de classe média dos grandes centros.
Simultaneamente, ocorre um afastamento da classe média.
O fator 2006 - 2
Esse afastamento ocorre antes do do “mensalão” devido aos paradoxos do
governo Lula. O primeiro mandato misturou políticas díspares. De um lado
deu continuidade ao tripé neoliberal (metas de inflação, câmbio flutuante e
superávit primário). Teve efeitos nefastos, na quebradeira da cadeia produtiva
de diversos setores industriais. Em certa medida ainda está presente na
política atual, diz Singer.
O fator 2006 - 3
Na outra ponta, Lula ganhou espaço político para políticas sociais
exatamente opostas ao ideário neoliberal, que consistiram em distribuir renda
para setores mais necessitados. Mas considera que o modelo lulista esgotará nos
grandes centros urbanos, que exigirão muito mais recursos do que as quireras
distribuídas pelo Bolsa Família. Sistema de saúde que dê conta de uma população
como SP, exige muito dinheiro.
Os novos tempos
Há que se levar em conta outros fatores na história. O país já possui
uma carga tributária extremamente elevada, sem muito espaço para mais aumentos.
Por outro lado, nos últimos anos houve uma redução significativa da dívida
pública e, de agosto do ano passado para cá, da taxa Selic. Isso abrirá espaço
para a liberação de recursos para investimentos e gastos públicos. Mas exigirá,
sobretudo, melhoria substancial na gestão pública
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