Janio de Freitas, Folha de S. Paulo
“Carandiru, aniversário de 20 anos: sem
julgamento. Mensalão do PSDB em Minas: 14 anos, sem julgamento. Não é preciso
seguir com exemplos para perguntar: isso é Justiça? A instituição que assim se
comporta deve mesmo ser chamada de Judiciário?
E não bastam os sete anos para enfim
ocorrer o atual julgamento no Supremo Tribunal Federal, ou quantos anos ainda
serão necessários para o encerramento dessa história?
A decisão do deputado Valdemar Costa Neto
de reclamar em corte internacional o direito de recurso contra sua condenação,
já que o STF o condena como primeira e como última instância, abre uma fila que
apenas não está anunciada por outros réus e seus advogados.
Talvez por haver mais de uma possibilidade
e faltar escolha definida entre elas. Não por falta da deliberação de buscar
outro exame para vários dos já condenados. E, pode-se presumir, também para
futuros.
O caso de Valdemar Costa Neto é bastante
ilustrativo. Está condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha.
Práticas implícitas no recebimento de
dinheiro para o que a maioria do Supremo considerou compra, pelo PT, de apoio
na Câmara para o governo Lula.
O deputado reconhece não ser inocente, mas
atribui a condenação a motivo errado.
Tem um argumento que o Supremo, de fato,
desconheceu: votou contra o governo e até apresentou emenda contrária ao projeto
originário do Planalto para modificações na Previdência.”
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