A derrota de um cadáver político insepulto em São Paulo

Denis de Oliveira, Revista Fórum / Quilombo

 “Em uma rápida análise feita com base nas matérias publicadas sobre o segundo turno das eleições municipais em São Paulo, elencamos os temas presentes nas declarações dadas à imprensa ou registradas pela imprensa em comícios e outros atos de campanha dos dois candidatos. O tema mais falado por Serra foi o mensalão, seguido de saúde e o kit anti-homofobia. Já Fernando Haddad priorizou saúde, mensalão e a taxa de inspeção veicular.

Percebe-se a presença de uma agenda “negativa” nos discursos de Serra, uma campanha que procurou se pautar muito mais pelo “perigo do PT”, discurso que beira até o ressentimento, do que um discurso propositivo. A ausência de programa – ele foi só apresentado em outubro – foi acompanhada da apresentação de um monte de promessas desconectadas na área social, como o aumento de salários de professores, a bolsa-creche, o bilhete único de seis horas, a jornada de 7 horas nas escolas. Isto ocorreu após a percepção de que o discurso fundamentalista-religioso ampliou a sua rejeição, o fez perder mais votos e ainda afastou líderes históricos do partido, como Fernando Henrique Cardoso e José Gregori.

Os resultados pífios nas primeiras pesquisas de intenção de voto fizeram o candidato disparar contra tudo e contra todos. Acusou o PT de fazer baixaria, passou a agredir a própria grande mídia sempre simpática a ele (note-se que o tema mensalão foi o assunto principal da agenda midiática) e tentou se posar de popular. Ao perder as eleições, desejou boa sorte ao adversário vencedor sem citar o seu nome. A derrota foi vergonhosa pois contou com tudo a seu favor – a máquina do governo, a mídia favorável e o fato do adversário entrar na corrida eleitoral como um desconhecido.

Histórico do oportunismo serrista

Durante o governo do seu correligionário Fernando Henrique Cardoso, Serra ficou à margem durante um tempo, fez críticas à condução econômica e atuou como uma “sombra” da equipe liderada por Pedro Malan. Apresentava-se como um “nacionalista”, apesar de ter papel importante na privatização das estatais – inclusive com suspeitas de corrupção, conforme demonstra o livro-reportagem A privataria tucana.

Depois resolveu se apresentar como um defensor dos consumidores de medicamentos, apresentando-se como o criador dos genéricos. Uma tremenda mentira, pois o decreto que criou os genéricos foi assinado em 5 de abril de 1993 pelo então ministro da Saúde Jamil Haddad e o presidente da república da época Itamar Franco (clique aqui para ler o decreto). Mentira que foi corroborada pelos meios de comunicação hegemônicos.”
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