Burns é
brasileiro. E mora (e vota) em
São Paulo
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“Num seminário sobre a ascensão do
conservadorismo em São Paulo
realizado na USP no final de agosto, a filósofa Marilena Chauí provocou risos
na plateia ao contar o estranhamento de uma amiga sobre o comportamento de
parte dos habitantes da maior cidade do País. A amiga dizia custar a entender
como pessoas tão hospitaleiras e civilizadas na vida doméstica se transformavam
em “feras indomáveis” quando entravam em espaços compartilhados, como o
trânsito ou as filas do banco.
É fato. Quem já acompanhou os bate-bocas
diários protagonizados em disputas fratricidas pelas faixas preferenciais,
barbeiragens no trânsito ou um simples carrinho de supermercado sabe do que a
filósofa está falando. Nessas pequenas disputas pelos espaços públicos,
brigamos, ofendemos, damos cotoveladas, estacionamos em vagas proibidas,
ofendemos os garçons, o manobrista, o vendedor, o atendente, o empregado, o
motoboy, a vizinha do terceiro andar…e tudo parece natural, pacífico até
segunda ordem.
Como se ganhar no grito fosse esporte
popular. Não é. Como explicou Chauí no mesmo evento, essa deterioração das
relações interpessoais possui raízes históricas. Tem base numa violência
historicamente cristalizada que opera com base na discriminação e preconceito
de classe, sexo, religião, profissão e raça. Que naturaliza as diferenças. Que
não reconhece a humanidade do outro. Que confunde o exercício da consciência,
da liberdade e da responsabilidade com um conjunto de regulamento típico das
empresas e suas horas marcadas e regras de comportamento. E se assenta sobre as
“características mais alarmantes” do neoliberalismo: o encolhimento do espaço
público e o alargamento do espaço da vida privada.”
Artigo Completo, ::AQUI::
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