Veja adota tática do avestruz no caso Policarpo


Não é normal um jornalista pedir a um bicheiro, useiro e vezeiro de grampos ilegais, que levante ligações de um deputado; no entanto, em vez de responder à reportagem de Carta Capital sobre as ligações entre Policarpo e Cachoeira, a editora comandada por Fábio Barbosa se calou sobre o caso; nesta edição, a revista declara apoio ao governo Dilma


Na próxima terça-feira, o deputado Doutor Rosinha (PT-PR) apresentará o pedido para convocação do jornalista Policarpo Júnior, chefe da revista Veja em Brasília, pela CPI da Operação Monte Carlo. Durante anos, o bicheiro Carlos Cachoeira, useiro e vezeiro de grampos clandestinos e ilegais, foi a principal fonte de Policarpo. O argumento pela convocação de Policarpo foi reforçado pela capa da revista Carta Capital deste fim de semana, que traz um grampo em que Policarpo pede a Cachoeira que levante algumas ligações de um deputado: o goiano Jovair Arantes, do PTB. O bicheiro promete resolver o assunto com o araponga Idalberto Matias, o Dadá, especializado em arapongagem clandestina.

Há, no entanto, um pacto de silêncio na imprensa brasileira. Nenhum veículo que integra a chamada “grande mídia” – ou o chamado “Partido da Imprensa Golpista”, como alegam seus críticos – repercute notícias da revista Carta Capital. Foi assim, por exemplo, na lista recente sobre o mensalão mineiro e o mesmo ocorre no caso Policarpo. Alguns jornais, como a Folha de S. Paulo, por exemplo, já decretaram que há apenas uma relação “fonte-jornalista” no envolvimento Policarpo-Cachoeira.

No resto do mundo, no entanto, escândalos que atingem a mídia são cobertos por todos os veículos – a começar por aqueles que são atingidos pelas denúncias. Nesta semana, por exemplo, a revista Time e a televisão CNN decidiram suspender o colunista Fareed Zakaria, um dos mais consagrados comentaristas norte-americanos, porque ele está envolvido num caso de plágio. Na Inglaterra, a ex-toda-poderosa Rebekah Brooks, que comandava o império de tabloides de Rupert Murdoch, terminou no banco dos réus porque estava envolvida, também, num escândalo de grampos ilegais contra celebridades. Murdoch pediu desculpas e fechou um jornal.

Tática do avestruz

No Brasil, o jogo é muito diferente. Embora o caso Policarpo-Cachoeira tenha se espalhado como pólvora na internet e nas redes sociais, a revista finge que não é com ela. Falou uma vez, no início da crise, citando um trecho parcial de um grampo, em que Cachoeira dizia que “Policarpo nunca vai ser nosso”, e na semana retrasada, quando Andressa Mendonça, esposa do bicheiro, chantageou um juiz, ameaçando soltar, pelas mãos de Policarpo, um dossiê negativo contra ele, em Veja.”
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