Wálter Maierovitch, CartaCapital
“Conta a mitologia grega ter Zeus
confeccionado e presenteado Pandora com uma ânfora. No Brasil, virou Caixa de
Pandora. Pandora foi advertida por Zeus para jamais abri-la, sob risco de
deixar escapar o conteúdo armazenado. Como havia recebido de Hermes o dom da
curiosidade, ela desprezou a recomendação de Zeus e, ao abrir a tampa, deixou
escapar todos os males do mundo.
Às vésperas do início do julgamento do
chamado mensalão, tem-se a impressão de que Zeus, no Brasil apelidado de
Roberto Jefferson, entregou uma Caixa a Pandora ao então procurador-geral da
República, Antônio Fernando de Souza, responsável pela sua ruidosa abertura. Tudo
transcorreu em meio à CPI dos Correios e, após a entrevista de Jefferson à Folha
de S.Paulo, o deputado cassado, que no momento brada não aceitar condenação e
acusa Joaquim Barbosa, ministro relator do caso de buscar “aplauso em
botequim”, confessou ter embolsado 4,5 milhões de reais, montante cujo destino
não foi investigado.
Com efeito. Antônio Fernando de Souza, então chefe do Ministério Público Federal e único legitimado a propor ação penal pública, denunciou 38 réus e tipificou condutas como crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Para ele, a quadrilha era comandada por José Dirceu, à época ministro da Casa Civil, e saqueou os cofres públicos para comprar apoio político no Parlamento.
Com a Caixa de Pandora aberta por Souza e
as suspeitas difundidas por todo o Brasil, o seu sucessor, Roberto Gurgel, nos
autos processuais e em alegações finais apresentadas em julho de 2011, pediu a
condenação de 36 dos 38 réus e selecionou, do elenco de males saídos da Caixa
de Pandora, um dos piores: “A mais grave agressão aos valores democráticos”.
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