‘O Brasil pode evitar a catástrofe’

Mãos atadas. Os EUA e a 
Europa não tem condições 
de propor mudanças, diz Calame

Gianni Carta, CartaCapital

“A conferência da Rio+20 da ONU, a ser relizada entre 20 e 22 de junho, poderá ser um fracasso ou, quem sabe, entrar para a história. Na Eco-92, também realizada na Cidade Maravilhosa há 20 anos, ganhou repercussão a noção de desenvolvimento sustentável. Mas em seu recém-lançado livro Sauvons la Démocratie! Lettre Ouverte aux femmes et hommes politiques de notre temps (Éditions Charles Léopold Mayer, 2012, 127 págs.) Pierre Calame escreve: “Caminhamos no bom senso, da sustentabilidade, mas no interior de um trem, aquele do desenvolvimento, que desliza dez vezes mais rápido no sentido oposto”. Calame, presidente da Fundação Charles Mayer para o Progresso do Homem, sabe o que fala. Para ele, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, está datada. Na Rio+20 ele apresentará a Carta de Responsabilidades Internacionais. O texto internacional superaria interesses soberanos, seria um terceiro pilar para países assumirem responsabilidades “em nível mundial num mundo interdependente”, diz Calame. “O Brasil não pode adotar a Carta porque esta é uma decisão da Assembleia Geral da ONU, mas pode colocá-la sobre a mesa.” E assim entraria para a história. Ou Rio + 20 seria mais uma conferência sobre o meio ambiente fadada ao fracasso.

CartaCapital: O que podemos esperar da Rio+20?
Pierre Calame: Estamos passando por um momento trágico na história. Quando no ano passado estivemos com Michel Rocard (ex-primeiro-ministro socialista e embaixador da França para assuntos polares e aquecimento climático) no Brasil, estávamos numa posição de suplicantes. Em miúdos, o fracasso do evento parecia programado. E o governo brasileiro é o único que pode evitar essa catástrofe.


Version française:
‘Le Brésil peut éviter la catastrophe’


CC: Por que o governo brasileiro?
PC: Porque o Brasil não é historicamente dominante no tablado internacional. Por razões históricas, não cabe a nós, ocidentais do chamado Primeiro Mundo, tomar a iniciativa para colocar na agenda a adoção de uma Carta de Responsabilidade Universal. Se um país europeu tomasse tal inciativa o ato seria interpretado como ocidental. Isso porque a comunidade internacional é nossa herança. Na governança do Brasil há duas vantagens significativas. Por um lado, o País não possui armas nucleares. Por outro lado, está entre os principais emergentes no mundo multipolar. Ademais, o Brasil resistiu bem à crise, enquanto a Europa está completamente presa no debate sobre a Grécia, o euro etc. Os norte-americanos estão polarizados na reeleição ou não de Barack Obama, em um país onde a extrema-direita alega que a mudança climática é uma conspiração comunista contra a democracia. E os chineses, que poderiam ter sido interessantes neste debate, estão sob as garras de seu Congresso indiferente à mudança climática.”
Entrevista Completa, ::AQUI::

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