Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
O Daniel bíblico foi homem de virtudes,
pensador emérito que obscurecia a todos e que desagradou ao rei dos Sátrapas
(povo de uma província da Pérsia, hoje Irã) louvando a Deus, o que era
proibido. Só o rei poderia ser louvado, pelo que Daniel foi punido sendo
atirado em uma cova de leões fechada com uma pedra. O fim da história é
que Deus impediu os leões de jantarem Daniel.
Louvar a Deus e desagradar a um rei mortal
pode ser uma metáfora para o confronto entre o livre arbítrio concedido aos
mortais pelo Criador e a tirania que pretende impor como cada um deve pensar,
falar e agir.
Lembrei-me do conto bíblico por conta de um
Daniel contemporâneo que não desafiou a tirania, mas que foi vítima da própria
crença no livre arbítrio. Daniel Echaniz participou da edição 2012 do Big
Brother Brasil, da Globo. Acreditando-se protegido pelas regras do jogo que
conhecia, manteve um relacionamento tórrido com uma das beldades da “Casa” e,
por irresponsabilidade da emissora, acabou tendo sua vida destruída.
Em busca de audiência a qualquer preço, a
Globo instiga os “brothers” à bebedeira, ao sexo e à desinteligência entre si;
a brigalhadas de baixo nível para despertar os instintos mais baixos do
público. Nesse processo, era imperdível a cena que o Daniel contemporâneo e a
modelo Monique Amin protagonizariam após se embebedarem até cair.
Daniel foi se deitar e Monique, mais bêbada
do que ele, o procurou. Deitou-se ao seu lado, engalfinharam-se sexualmente sob
o edredon. Enquanto isso, a câmera indiscreta do Big Brother transmitia tudo
para o resto do país. Daniel e Monique fizeram sexo. Os movimentos sob o tecido
mostraram isso, mas, como ela parecesse inerte durante o ato, as redes sociais
foram tomadas por “denúncias” de que ele a teria “estuprado”.
A tese, que investigação policial posterior
desmontou, é a de que Daniel teria tido o sexo negado por Monique e, após ela
adormecer sob efeito da bebedeira, teria se aproveitado da situação para
copular consigo sem que soubesse, praticando “abuso de vulnerável”. Os
depoimentos dela e dele à polícia e à Justiça, porém, encerraram o caso. Foi
tudo consensual.
Ainda que tenha estimulado Daniel, a Globo,
assustada com as pressões da Polícia, do Ministério Público e de outras
autoridades jogou Daniel aos leões ao defenestrá-lo do programa. Saiu sob
afirmação da emissora de que teve “conduta imprópria”, ou seja, a Globo acusou
o rapaz negro pelo que ele e a loira filha de eminente família de Santa
Catarina fizeram consensualmente sob as cobertas.”
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