“Componente de radicalização entra na
disputa; política que "mora no mesmo endereço" desde sempre, com
passagem exemplar pela Prefeitura e posições nítidas, Luiza Erundina como vice
de Haddad é decisiva: ou levanta o PT, ou dá o voto do medo ao PSDB do candidato
José Serra
Marco Damiani, Brasil 247
Com a ex-prefeita Luiza Erundina não tem
meio termo. Honesta, ela mora no mesmo endereço, em Mirandópolis, bairro de
classe média média paulistana, mesmo depois de ter passado pelo cargo que
fabrica prefeitos chefes partidários, assessores milionários e desorganização
urbana. Em sua gestão (1989-1993), posterior à de Paulo Maluf, ampliou de 400
para 1,4 mil o número de prestadores de serviço e fornecedores da Prefeitura,
moralizando licitações e normalizando contratos, multiplicou por cinco o acesso
à rede pública de ensino e promoveu um amplo recapeamento de ruas lembrado até
hoje por milhões de motoristas. Do ponto de vista ideológico, ela não esconde
ser de esquerda. Em seu primeiro pronunciamento, usou a expressão "luta de
classes", eriçando pelos ao centro e à direita.
Escolhida vice de Fernando Haddad, do PT,
ela que no passado foi rechaçada por seu próprio partido, agora é a esperança
da virada. "Vou procurar a senadora Marta Suplicy para que ela entre na
campanha", disse a ex-prefeita, que neste sábado 16 já se reuniu com
antigos colaboradores das áreas de educação, saúde e assistência social para
dar dinâmica à campanha – até aqui sem capacidade de gerar fatos dignos de
nota.
Independentemente das pesquisas de opinião,
já se sabe que Erundina chacoalhou a eleição paulistana. Com ela, ou o PT se
empolga, pela saudade e pelas injustiças políticas cometidas contra ela, e
finalmente faz o ex-ministro Haddad subir alguns degraus nas preferências do
eleitorado, ou promove uma radicalização ao contrário. Suas posições políticas
promovem, sem subterfúgios, uma franca divisão política entre petistas e
tucanos – incomparavelmente mais forte que a contradição pela presença do
ex-prefeito Paulo Maluf entre os apoiadores da chapa, movido pela doação de um
cargo no governo federal. Com Erundina, pode aparecer com mais força contra
Haddad e o PT o voto do medo, daqueles que têm ojeriza pelo discurso político
canhoto como o defendido por ela. Por outro lado, a julgar-se pelo
amadurecimento da sociedade paulistano, pode representar o fator da vitória.”
Foto: Folhapress
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