Depois de 81 dias preso, Cachoeira chega à CPI


Debaixo de fortes aparatos da Polícia Federal, o contraventor foi levado da penitenciária da Papuda, em Brasília, para o Congresso, onde será interrogado; ele tem o direito de ficar calado, porém; advogada Dora Cavalcanti visitou o bicheiro hoje e disse que ele está tranqüilo

Brasil 247

O contraventor Carlos Cachoeira foi levado hoje do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília,  para o Congresso, sob fortes aparatos da Polícia Federal. Seu depoimento na CPI, que investiga suas relações com políticos e empresário, está marcado para depois das 14 horas. Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro, quando foi levado para a penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e em 18 de abril foi transferido para a Papuda, onde pode receber visitas.

Nesta terça-feira 22, a advogada de defesa do contraventor Dora Cavalcanti visitou seu cliente na prisão e disse que ele está tranquilo neste momento crítico. À imprensa, na saída da penitenciária, ela contou que o aconselhou a ficar em silêncio durante o interrogatório no Congresso. "Ele está tranquilo e nosso conselho, enquanto defesa, é que ele use o direito de permanecer em silêncio. [...] É um momento crítico, difícil, ele completou 81 dias de prisão, mas vai ser respeitoso na CPI", disse.

Os membros da CPI formularam uma série de perguntas para o acusado. Só o relator da comissão, o deputado Odair Cunha (PT-MG), preparou uma lista com mais de 100 questões. A expectativa é grande em relação à possibilidade de Cachoeira fazer revelações sobre seus esquemas com políticos e empresários, já que é o primeiro acusado a depor depois de quase um mês de funcionamento da comissão. Mais cedo, o 247 formulou 30 perguntas para o bicheiro. Confira abaixo:

1)    No início do governo Lula, o senhor se apresentava como "empresário de jogos" e assim era tratado pela revista Veja. O senhor era também sócio da multinacional americana Gtech e pretendia fortalecer, na Caixa Econômica Federal, o negócio de loterias eletrônicas. Qual é a relação disso com as denúncias feitas contra Valdomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu, e Rogério Buratti, ex-assessor de Antônio Palocci?

2)    Antes de ser publicada na revista Época, a fita gravada pelo senhor com imagens de Valdomiro Diniz foi usada para tentar extorquir o ex-assessor da Casa Civil, conforme ficou demonstrado na CPI da Loterj, no Rio de Janeiro. O que o senhor queria que Valdomiro Diniz entregasse e por que não houve acordo?

3)    Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, sua cidade natal, declarou em entrevistas que o senhor pretendia fazer com que o senador Demóstenes Torres se tornasse secretário Nacional de Segurança. Qual seria o papel de Demóstenes na legalização do jogo e dos bingos?

4)    Por que um de seus arapongas, chamado Jairo Martins, filmou Maurício Marinho recebendo uma propina nos Correios e por que as imagens foram repassadas à revista Veja? Qual era o seu objetivo ao produzir a denúncia que deu origem à crise do mensalão?

5)    Como nasceu sua relação com Policarpo Júnior? Quantas reportagens o senhor produziu para a revista Veja?

6)    Por que, na CPI da Loterj, Veja saiu em sua defesa e acusou os deputados da comissão de tentarem extorqui-lo? O senhor temia ser preso em 2005? A reportagem de Veja o ajudou?

7)    Em Goiás, o senhor se tornou produtor de remédios genéricos, com o Vitapan, e criou também um instituto de certificação, em parceria com outro empresário do setor farmacêutico, chamado Marcelo Limírio. A intenção era fiscalizar o que vocês próprios produziam?”
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