Atenção ao investimento


Delfim Netto, CartaCapital

“A economia brasileira vai atravessar este final do primeiro semestre ainda amargando os efeitos do fraco desempenho de 2011, que mostrou crescimento de apenas 2,7% do PIB em relação ao ano anterior, resultado produzido pela impressionante queda de produção da indústria de transformação. Uma quebra mais do que anunciada, após a punição a que foi submetida em longos anos de supervalorização cambial.

Nesses cinco meses de 2012 nossa economia continua em situação de maior equilíbrio que nas regiões desenvolvidas do globo, de onde só partem notícias trágicas sobre o aprofundamento da crise, especialmente no quesito básico dos níveis de emprego. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), antes do 1º de Maio já contabilizava em 50 milhões o contingente de desempregados na Europa, no Norte da África e nos países árabes. No Brasil, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgados pelo IBGE na quinta-feira 24 registram queda na taxa de desemprego de 6,2% em março para 6% em abril, nas seis principais regiões metropolitanas.

A economia não vai tão bem quanto gostaríamos, porque a indústria até agora não reagiu adequadamente. É normal, então, que o governo procure tomar algumas medidas que deverão estimular o consumo, mas é preciso deixar claro que o crédito para o consumo tem limite e que ele está sendo atingido. Temos dado toda ênfase à expansão do consumo sem colocar a mesma ênfase nos investimentos.

O governo está agindo na direção correta para aliviar a carga tributária. Mas faltam ações para despertar mais depressa o espírito animal dos empresários, como por exemplo: prorrogar os prazos de recolhimento dos impostos, o que já foi feito em outras ocasiões com sucesso. É menos enrolado do que tentar baixar a tributação, que é uma coisa cada vez mais complicada. As empresas hoje são obrigadas a recolher os impostos antes de receber a sua fatura, quer dizer, elas pagam ao governo o tributo correspondente à venda do produto antes de efetivamente terem recebido o valor do bem transacionado.”
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