Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“Há uma grande preocupação, em determinados
meios, no sentido de fazer com que as eleições para a Prefeitura de
São Paulo assumam uma dimensão nacional. Quem pensa assim, já antevendo uma
vitória do candidato tucano José Serra, argumenta que essa seria uma
considerável derrota para o Governo Federal e seus procedimentos
políticos. Será?
Penso que não se pode negar
importância a um processo que envolve a capital do mais forte estado da
Federação – economicamente falando - e que há muito se configura um reduto
igualmente forte do tucanato, segmento político-partidário de
oposição às políticas do Governo Lula agora continuadas pela presidenta Dilma,
mas que – apegado ferrenhamente à cartilha do neoliberalismo - , não aponta
para as soluções de que o país necessita no campo social.
Mas que novidade haveria na eleição de
Serra e que alterações significativas no quadro político nacional tal
resultado, se houver, provocaria? Convenhamos: nada mudaria. Esse já vem sendo
o quadro habitual. Lula e Dilma já foram eleitos com esse cenário. E agora
mesmo se registram índices de popularidade da Presidenta jamais alcançados. Mudança
poderá ocorrer, isso sim, se as eleições vierem a alterar o continuísmo tucano
(com linhas auxiliares fisiológicas do tipo Kassab) e a introduzir
na política paulistana uma saudável oxigenação.
A meu ver, e essa é uma posição ideológica,
não é apenas na face econômica que o pensamento neoliberal dos tucanos se
revela contrária aos maiores interesses nacionais. A forma como seus políticos
de ponta encaram problemas sociais como casos de polícia mostra claramente o
desprezo que, próprio de quem se considera elite – uma espécie de grupo
predestinado pelos deuses a ser “diferenciado” - nutre pelos marginalizados,
pelos empobrecidos. Recentes episódios são um bom exemplo das soluções
que o conservadorismo de sempre imagina para as tensões sociais.
Alguém – talvez querendo tirar de
foco o assunto do que realmente interessa - poderia falar em competência
administrativa, em eficiência na gestão da coisa pública, e tantas outras
expressões que têm justificado, para muitos, os votos atribuídos a essa direita
disfarçada de liberal, em
São Paulo e em outros estados. Será mesmo essa uma
razão considerável? Não vivo em
São Paulo, mas percebo , há anos, que os problemas são os
mesmos – trânsito caótico, enchentes frequentes, violência que rivaliza com a
que presenciamos aqui no Rio, etc - , sem que se apresentem soluções.”
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